Brazil
July 22, 2016
A escolha da cultivar a ser semeada é uma das decisões mais importantes tomadas pelo agricultor, podendo definir o sucesso ou o fracasso de uma lavoura. Ciente disso, a Fundação Pró-Sementes realiza, desde 2008, Ensaios de Cultivares em Rede (ECR) de soja e trigo com o objetivo de fornecer informações para nortear a tomada de decisão acerca da cultivar de a ser semeada na safra seguinte, considerando as diferentes regiões produtoras e épocas de plantio.
Na safra 2015/2016, a unidade de Pesquisa e Desenvolvimento da Fundação Pró-Sementes conduziu ensaios em dez pontos representativos do Rio Grande do Sul: Cachoeira do Sul, Bagé, Dom Pedrito, Manoel Viana, São Gabriel, Passo Fundo, Santo Augusto, São Luiz Gonzaga, Não Me Toque e Vacaria. O trabalho conta com o apoio do Sistema Farsul. Ao todo, foram implantadas 2.800 parcelas para a avaliação de 46 cultivares de soja de nove empresas obtentoras (Grupo Don Mário, Nidera, Monsoy, Bayer, TMG, Syngenta, Coodetec, GMAX e IGRA) em 2 e 3 épocas de semeadura.
Os experimentos são implantados e conduzidos de maneira uniforme em todos os locais selecionados, oferecendo ao produtor rural e à assistência técnica informações idôneas das principais cultivares indicadas para cada região. São apresentados dados como rendimento em kg/ha e em sacos/ha, além de ciclo, reação ao acamamento, altura de planta e percentual de rendimento de cada cultivar sobre a média da região.
Durante o desenvolvimento da soja houve forte atuação do fenômeno climático La Niña, caracterizando-se um período de chuva prolongada em fins de Outubro e Novembro principalmente. Este período de chuvas prolongadas prejudicou principalmente a implantação das lavouras de soja da região norte do estado, resultado em um retardamento da semeadura.
A programação de semeadura dos ensaios da 1ª época foi fortemente influenciada pela chuva, explica a gerente de pesquisa e desenvolvimento da Fundação Pró-Sementes, Kassiana Kehl. “Nosso planejamento visava a realização de 3 épocas de semeadura distribuídas da seguinte maneira: 1ª época a partir da segunda quinzena de outubro, 2ª época na época comumente adotada pelos produtores (novembro) e a 3ª época na primeira quinzena de dezembro. Infelizmente isso não foi possível em todos os locais”.
O excesso de chuva e a falta de luminosidade acarretou em maior estatura de planta, distanciamento de entre-nós e favoreceu o acamamento em algumas cultivares explica Kassiana Kehl.
Por outro lado tivemos a região sul que passou por um período de estiagem nas fases iniciais do desenvolvimento da cultura (VN-R1). Em Dom Pedrito, por exemplo, de dezembro a janeiro foram 40 dias sem chuvas. Já em Bagé, local pertencente a mesma microrregião sojícola a interferência das chuvas na pré-colheita e colheita da soja foi crucial. “Várias cultivares precisaram ser descartadas do ensaio e muitas lavouras que foram semeadas tardiamente foram condenadas. Temos grandes desafios na metade sul do Rio Grande do Sul” afirma a pesquisadora.
Os ensaios revelam que existe grande diversidade dentre as cultivares avaliadas. Cultivares que se comportam de maneira estável tanto entre locais quanto em épocas de semeadura e aquelas cultivares que necessitam ser posicionadas de forma pontual, especifica para uma época ou para uma região (gráficos abaixo) .
“É importante ressaltar que o produtor deve observar o comportamento da cultivar em ao menos dois anos, pois como sabemos, as condições climáticas nem sempre são as mesmas” orienta Kassiana Kehl.
A pesquisadora ainda alerta que: “A forma de interpretar os resultados do ECR perante as épocas de semeadura e microrregiões é importantíssima, e é essa interpretação que irá definir o planejamento e consequentemente a produtividade alcançada pelo produtor”.
Sobre os Ensaios de Cultivares em Rede (ECR)
Desde 2008, a Fundação Pró-Sementes realiza ensaios com as cultivares de trigo e soja registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e indicadas pelo Zoneamento Agrícola de risco climático. Os experimentos são realizados em locais definidos, respeitando diferenças climáticas e de altitude, de acordo com o proposto no zoneamento.
Até a safra de verão 2014/2015, os ECRs foram realizados nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. O trabalho foi interrompido devido à falta de suporte financeiro nestes locais.
Os resultados de todos os Ensaios de Cultivares em Rede estão disponíveis para consulta no site www.fundacaoprosementes.com.br. Além disso, a Farsul distribui aos Sindicatos Rurais a publicação impressa dos resultados a cada safra.