Brazil
October 26, 2022
Articulação interinstitucional ocorreu durante visita técnica em áreas de cultivo no Texas e Oklahoma
Pesquisadores da Embrapa e do Texas A&M Agrilife Research vão iniciar, ainda no primeiro semestre do próximo ano, uma cooperação técnica para partilhar material genético das culturas do gergelim e do amendoim. A ideia é que a estatal brasileira tenha acesso ao banco de germoplasmas americano para ampliar suas pesquisas com melhoramento genético.
As primeiras negociações bilaterais nesse sentido foram iniciadas em setembro durante uma visita técnica dos brasileiros às principais áreas de cultivo no Texas e Oklahoma. "Nossos principais interesses são com os materiais genéticos de gergelim com potencial para semi-indescência, que é a qualidade que garante com que as sementes não descolem da casca com facilidade, para melhorar os processos na colheita, e ainda ampliar o leque de cultivares com 'flavores' do óleo diferenciados", diz a pesquiadora da Embrapa Algodão, Nair Helena Arriel que compôs a missão brasileira na visita.
Nair Helena acrescenta que o intercâmbio a ser oficializado nos próximos meses deve trazer para o Brasil metodologias novas de melhoramento participativo, onde os produtores são envolvidos nos processos de pesquisa praticamente desde o início. Na oportunidade, a missão brasileira conheceu de perto as instalações da empresa SESACO, uma das maiores beneficiadoras estadunidenses de gergelim.
Três pilares foram definidos para a colaboração EUA/Brasil nessa área: intercâmbio de pesquisadores e estudantes, troca de materias genéticos, desenvolvimento de novas cultivares comerciais e calendário de novas visitas técnicas bilaterais.
A pequisadora, que é atualmente chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Algodão (Campina Grande - PB), expôs detalhes da visita técnica na manhã desta quarta-feira, 6, durante reunião virtual da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). "Nos últimos anos, nossas pesquisas proporcionaram uma redução de 18% nas perdas na colheita do gergelim. A Embrapa entregou ao agro brasileiro oito cultivares que hoje estão sendo disseminadas em 29 campos de multiplicação, ocupando 708 hectares. A grande vantagem do óleo de gergelim é sua alta estabilidade química", afirmou Nair Helena.
Ela diz que, além do importante valor nutricional da planta, gergelim possui tolerância excelente ao déficit hidríco, se tornando uma alternativa competiva para a rotação ao cultivo do algodão, do milho e da soja no Centro-Oeste brasileiro. "O gergelim teve expansão de cultivo de 260% nos últimos anos e superou, na última safra, U$1.300, com seu óleo sendo vendido a mais de U$ 3.000", destaca.
Para Afrânio Migrili, da Associação dos Produtores de Feijão, Pulses, Grãos Especiais e Irrigantes de Mato Grosso (APROFIR), há uma nova demanda de tecnologia de irrigação na região de Primavera do Leste, e que na última safra ocorreu uma incremento de dois mil hectares de amendoim na região de Sorriso. "Nossos principais gargalos agora são substituir os nossos materiais sem origem e trabalhar a homogeinização de sementes. Há um potencial de exportação enorme, ainda não calculado, principalmente para Índia e China", garante.
Além de Nair Helena, a reunião contou ainda com a participação de Laurimar Vendrusculo, chefe-geral da Embrapa Agrossilvipastoril (Sinop -MT), e Alexandre Lima Nepomuceno, chefe-geral da Embrapa Soja (Londrina - PR).