Brazil
March 15, 2019
A escolha da cultivar é um fator fundamental para o resultado da lavoura. Este foi o recado da coordenadora da Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento da Fundação Pró-Sementes, engenheira agrônoma Kassiana Kehl. Ela apresentou os resultados dos Ensaios de Cultivares em Rede (ECR) de Trigo da safra 2018/2018 durante o Fórum do Trigo, que ocorreu no dia 13 de março, na Expodireto Cotrijal. O estudo é realizado desde 2008 pela Fundação Pró-Sementes, e conta com o apoio do Sistema Farsul, com patrocínio do Senar-RS.
Na última safra de inverno, o ECR testou 34 cultivares de trigo, de cinco empresas obtentoras, em seis locais do Rio Grande do Sul: Cruz Alta, Vacaria e Passo Fundo (região tritícola 1 – fria, úmida e alta) e São Luiz Gonzaga, Santo Augusto e Cachoeira do Sul (região tritícola 2 – moderadamente quente, úmida e baixa).
A semeadura foi realizada no período indicado pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático, nos meses de junho e julho. Os experimentos foram conduzidos de maneira uniforme nos locais selecionados, oferecendo ao produtor rural e à assistência técnica informações idôneas sobre as principais cultivares indicadas para cada região.
Condições climáticas
Durante a implantação dos ensaios, o clima contribuiu para a semeadura. Já na fase de perfilhamento, o excesso de chuva prejudicou o desenvolvimento da cultura em locais como Cachoeira do Sul e São Luiz Gonzaga. Os altos índices pluviométricos e a temperatura amena no mês de setembro resultaram em na alta incidência de giberela na região de Santo Augusto. Não houve registros de geadas fortes e as temperaturas foram mais amenas que o normal em muitas regiões.
Resultados
São relatados dados como ciclo em dias, rendimento em kg/ha e em sacos/ha, além de pH e percentual de rendimento de cada cultivar sobre a média da região.
As cultivares foram divididas em dois grupos: as de ciclo precoce e as de ciclo médio e tardio. Os melhores resultados na safra 2018/2018 foram obtidos na região norte do estado, especialmente em Vacaria, onde o rendimento médio entre os materiais de ciclo precoce foi de 127 sacos por hectare, e entre os de ciclo médio e tardio, 136 sacos por hectare.
“O objetivo destes ensaios não é apontar a cultivar mais produtiva, e sim orientar os agricultores sobre o grupo de materiais mais adaptados para a sua região”, explica Kassiana Kehl. “Orientamos a não observar o resultado apenas de uma safra, mas considerar também os dados de duas ou três safras anteriores”, argumenta a pesquisadora.
De acordo com a coordenadora da pesquisa, a principal finalidade do ECR é mostrar ao agricultor quanto ele pode ganhar com a escolha correta da cultivar. Utilizando como exemplo um ensaio cujo material mais produtivo atingiu 92 sacos por hectare, e o pior, 56 sacos por hectare, Kassiana demonstra que esta diferença de 36 sacos por hectare pode significar ao produtor R$ 1.476,00 por hectare, considerando o valor de R$ 41,00 para a saca de trigo.
Diretor da Farsul e presidente da Comissão do Trigo da entidade, Hamilton Jardim reforça que “este trabalho mostra que o acerto ou o erro na hora da tomada de decisão sobre a cultivar a ser semeada pode levar a grandes lucros ou a prejuízos”.
Distribuição
A Fundação Pró-Sementes e o Sistema Farsul, através dos Sindicatos Rurais, distribuem gratuitamente a publicação impressa com os resultados dos Ensaios de Cultivares em Rede. Além disso, o material pode ser acessado através do site www.fundacaoprosementes.com.br.
Sobre os Ensaios de Cultivares em Rede (ECR)
Desde 2008, a Fundação Pró-Sementes realiza ensaios com as cultivares de trigo e soja registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e indicadas pelo Zoneamento Agrícola de risco climático. Os experimentos são realizados em locais definidos, respeitando diferenças climáticas e de altitude, de acordo com o proposto no zoneamento.
Até a safra de verão 2014/2015, os ECRs foram realizados nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. O trabalho nos demais estados foi interrompido devido à falta de suporte financeiro nestes locais.
No Rio Grande do Sul, desde 2008, o ECR de soja e trigo conta com o apoio financeiro e institucional do Sistema Farsul, por meio do Senar-RS. “Trata-se de uma excelente ferramenta, fruto de um trabalho de uma empresa de pesquisa isenta e responsável”, reforça o diretor da Farsul, Hamilton Jardim.