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Feira indígena de sementes tradicionais vai premiar aldeias que apresentarem maior número de variedades agrícolas


Brasília, Brasil
22 de setembro de 2010

A Associação Kapèy – União das Aldeias Krahô, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (uma das 45 unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e a Fundação Nacional do Índio - Funai promovem no período de 25 a 30 de setembro de 2010, a VIII Feira Krahô de Sementes Tradicionais, no município de Itacajá/TO. O evento, que já está em sua oitava edição, tem como objetivo desenvolver ações para incrementar a segurança alimentar indígena, pelo incentivo à conservação local das variedades agrícolas tradicionais e promoção de capacitações nas áreas de agroecologia e artesanato, entre outras.

Este ano, a Feira vai contar com uma novidade: a Premiação Agrobiodivesidade Krahô que vai doar um boi para cada aldeia Krahô que apresentar maior número de variedades de fava, milho, inhame, arroz, batata – doce e geral. Os avaliadores serão agricultores tradicionais Krahô e pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e Embrapa Arroz e Feijão . Haverá também prêmios para as etnias convidadas que apresentarem maior número de variedades agrícolas. O objetivo dessa premiação, como explica a pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e coordenadora do evento, Terezinha Dias, é “incentivar os povos indígenas a cultivarem suas espécies tradicionais, garantindo assim a conservação local da variabilidade genética dessas espécies”.

“A promoção das feiras de sementes estimula a conservação das variedades agrícolas tradicionais, pela valorização do orgulho da herança cultural relacionada aos recursos genéticos”, ressalta Terezinha. Além dos povos indígenas, pesquisadores e indigenistas, o evento agrega também representantes de organizações governamentais e não governamentais, outros profissionais e acadêmicos, bem como a população do entorno da área indígena em uma grande celebração às sementes tradicionais.

Na sua última edição, em 2007, esse evento reuniu cerca de 2500 pessoas. Em 2010, vai contar com o mesmo número de participantes, envolvendo 10 etnias. Nesta edição, as instituições organizadoras contam também com o apoio da USAID/ Brasil; Rede de Sementes do Cerrado; Ruraltins; Secretaria da Agricultura Familiar/ SAF/MDA; Secretaria de Segurança Alimentar e Nutricional - SESAN/MDS; Carteira de Projetos Indígenas da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural/MMA e das Secretarias de Agricultura; do Trabalho e Ação Social; da Saúde e da Educação de Tocantins.

“A troca de sementes entre os índios Krahô acontece tradicional e culturalmente, mas ao longo dos anos instituições parceiras começaram a realizar a Feira junto com eles, e hoje, a dimensão do evento é grande, envolvendo indígenas de outros estados e instituições colaboradoras”, afirma Nadi Rabelo da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, que também atua na organização do evento.

Relação entre a Embrapa e comunidades indígenas

A relação entre a Embrapa e as comunidades indígenas começou em 1995, quando representantes do povo indígena Krahô, do Tocantins, procuraram a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília, DF, em busca de sementes tradicionais de milho e amendoim, que estavam conservadas nas câmaras de conservação da Unidade, onde mais de 100 mil amostras de sementes são conservadas a 20ºC abaixo de zero.

O objetivo dos índios Krahôs era reintroduzir as variedades tradicionais nas suas roças, pois o processo de aculturação deste povo indígena levou à substituição das suas sementes tradicionais por sementes comerciais e híbridos que, muitas vezes, não são adequadas ao seu sistema de cultivo a as suas necessidades alimentares.

A interação entre esta comunidade indígena e a Embrapa levou à assinatura de um convênio entre a Empresa e a FUNAI, visando não só oficializar e facilitar esse trabalho, como também estendê-lo a outras comunidades indígenas, que enfrentam os mesmos problemas e necessidades dos Krahô.

“As terras indígenas ocupam quase 12% do território nacional - cerca de 104 milhões de hectares – com grandes extensões territoriais na Amazônia, que embora sujeita às depredações dos recursos naturais, às invasões e explorações, ainda atendem às demandas alimentares das comunidades indígenas. No restante do Brasil o quadro é diferente: os povos indígenas habitam territórios exíguos e bastante danificados do ponto de vista ambiental e não conseguem atender às demandas alimentares e sócio-culturais”, afirma Terezinha.

Por isso, uma das prioridades da Embrapa hoje é reforçar a parceria com povos indígenas buscando, ao mesmo tempo, favorecer projetos de segurança alimentar, conservação e promoção da biodiversidade, com foco em pesquisas e ações de desenvolvimento local sustentável e valorização cultural.
 



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Website: http://www.embrapa.br

Published: September 22, 2010

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