Brazil
March 10, 2008
O milho YieldGard® (MON810), que
possui uma proteína oriunda do Bacillus thuringiensis (Bt) –
bactéria encontrada no solo e comumente usada como biocida
natural–, foi desenvolvido para proteger a lavoura de milho dos
ataques das principais pragas da cultura: Lagarta-do-Cartucho
(Spodoptera frugiperda), Lagarta da Espiga (Helicoverpa zea) e
Broca do Colmo (Diatraea saccharalis).
Estas pragas podem reduzir o rendimento e qualidade da produção
na cultura do milho. Para se ter uma idéia do que isso
significa, a Lagarta-do-Cartucho promove a destruição de folhas
e cartucho, podendo comprometer a produção de grãos entre 30% e
40%. A Lagarta da Espiga e a Broca do Colmo também trazem
prejuízos consideráveis à cultura – os potenciais de danos são
de 6% e 20%, respectivamente.
O milho YieldGard® caracteriza-se por ser resistente a algumas
espécies de lepidópteros-praga, devido à presença da proteína
Cry1Ab, da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt). Quando as
lagartas se alimentam dos tecidos da planta, acabam ingerindo
esta proteína, a qual atua especificamente nas células
epiteliais dos tubos digestivos dos insetos. A proteína,
portanto, promove a proteção da planta antes mesmo que os
insetos consigam causar danos à cultura. “A transgenia
representa, dentre as técnicas de controle, um avanço
tecnológico para aumentar a eficiência do Manejo Integrado de
Pragas da cultura do milho em nosso País”, declara Odnei
Fernandes, gerente-técnico de Biotecnologia da
Monsanto.
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Vantagens socioambientais
O diferencial do YieldGard® está nas vantagens que abrangem não
só a classe produtora, mas toda a cadeia produtiva, do campo até
o consumidor final. Em países onde o YieldGard® já é cultivado
(Estados Unidos, África do Sul, Argentina, Alemanha, Espanha,
República Tcheca, Filipinas, Portugal, Eslováquia e Japão), a
cadeia produtiva pode se beneficiar de suas propriedades
Por permitir menor aplicação de inseticidas, este híbrido
auxilia na preservação do meio ambiente e reduz os gastos com o
controle sanitário do produto. O que também contribui para a
diminuição de riscos de intoxicação de agricultores e
trabalhadores rurais. A redução de custo da produção se reflete
ainda no menor uso de maquinário, mão-de-obra e agroquímicos.
Segundo levantamento feito sobre o cultivo da tecnologia
YieldGard® nos Estados Unidos em 2005, divulgado em 2006 pelo
Centro Nacional para Políticas Agrícolas e de Alimentos (NCFAP),
cerca de 34 estados norte-americanos plantaram 11,2 milhões de
hectares no ano, 34% a mais que em 2004. O lucro líquido obtido
com sua adoção foi de US$ 197 milhões em 2005. Além disso,
comparado com 2004, o uso dessa tecnologia trouxe aos produtores
americanos colheita maior (produtividade 24% maior), redução do
uso de inseticidas (27% a menos) e ganhos financeiros (26% a
mais de lucros), considerando as pragas daquele país.
O estudo “Lavouras GM: os primeiros 10 anos – impactos sociais,
econômicos e ambientais globais” (2007), de autoria dos
economistas Graham Brookes e Peter Barfoot, da consultoria
inglesa PG Economics, e um dos primeiros levantamentos
quantitativos sobre o impacto da biotecnologia de 1996 a 2006,
apontou que o milho resistente a insetos-pragas (Bt) foi
responsável pela redução de 7 mil toneladas de defensivos
agrícolas no campo.
Levantamento intitulado “Benefícios da utilização do milho com
tecnologia YieldGard® nos diferentes segmentos da cadeia
produtiva no Brasil”, do professor Luís Antonio Fancelli (Esalq
/ USP), feito entre 1999 e 2000, revela que o milho YieldGard®
permite economia e segurança a todos os envolvidos na produção
agrícola, desde as propriedades rurais, passando pelos armazéns,
esmagadoras, até chegar às indústrias de alimentos e consumidor
final. O estudo mostra ainda que a comercialização desta
variedade pode contribuir para a economia brasileira, trazendo
ganhos de, aproximadamente, US$ 1 bilhão, por ano, à cadeia
produtiva.
A consultoria Edgar Pereira & Associados, por sua vez, no
relatório “Impactos Econômicos das Culturas Geneticamente
Modificadas no Brasil” (2007), concluiu que a adoção da
transgenia oferece “menores riscos de intoxicação e contaminação
dos homens e dos animais em decorrência da menor utilização dos
inseticidas”. Ao eliminar a necessidade de diferentes tipos de
inseticidas, reduz-se a exposição dos trabalhadores rurais a
esses produtos, melhorando a saúde do agricultor. A título de
comparação, o mesmo trabalho indica que, com relação à soja
geneticamente modificada no Brasil, estima-se que os ganhos
totais gerados pela utilização dessas lavouras foram de
aproximadamente US$ 855 milhões, apenas da safra 2006/2007.
Redução de micotoxinas
Híbridos de milho geneticamente modificado resistente a algumas
pragas oferecem benefícios não apenas para os agricultores, mas
também para a saúde humana e animal. Isso porque a adoção do
milho Bt, por ser resistente às pragas, reduz os níveis de
micotoxinas no produto, quando comparado à versão convencional.
Micotoxinas são substâncias potencialmente cancerígenas
produzidas por fungos que crescem após as plantas serem
danificadas por pragas. A estimativa dos custos devido à
presença de micotoxinas no milho corresponde a, aproximadamente,
US$ 450 milhões por ano, no Brasil, relacionada à necessidade de
análises, perceptível para os exportadores.
Recentes pesquisas de campo do Departamento de Meio Ambiente e
Saúde Ocupacional da Universidade de Pittsburgh, nos Estados
Unidos, publicado na edição de fevereiro da revista científica
ISB (Information Systems for Biotechnology), revelaram que, no
Canadá, onde a pressão da Broca (Ostrinia nubilalis) é grande,
os níveis de micotoxinas caíram 59% no milho Bt em relação ao
não-Bt. Os testes também foram realizados em lavouras dos
Estados Unidos, França, Itália, Turquia e Argentina.
Trabalho publicado pelo professor Eduardo Micotti Glória
(Esalq/USP), em 2006, também demonstrou que o milho
geneticamente modificado YieldGard® proporcionou proteção à
infestação de Spodoptera frugiperda e Helicoverpa Zea,
protegendo a planta do dano das mesmas. Com isso, houve redução
na concentração da micotoxina fumonisina B1 no milho YieldGard®,
comparativamente ao milho convencional.
Tecnologia também presente no algodão
O gene do Bacillus thuringiensis (Bt) que expressa a proteína
Cry1ab também está presente no algodão Bollgard®, da Monsanto. É
a expressão desta proteína que o protege do ataque de algumas
das pragas mais comuns na cultura (Lagarta-da-Maçã, Curuquerê e
Lagarta Rosada).
Artigo publicado na revista Science (www.sciencemag.org), edição
de 6 de junho/2007 (vol.316), avaliou o impacto do gene Bt,
presente na tecnologia, nos insetos que não são considerados
alvos do seu controle. A análise de Marvier et al. sobre os 42
campos experimentais apontou que, nas lavouras de algodão e
milho Bt, a presença de insetos benéficos às culturas são mais
abundantes que nas produções convencionais que necessitam a
aplicação de defensivos.
Em estudo recente realizado pela Consultoria Céleres para a
Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem) foram
demonstrados, pela primeira vez, os benefícios socioambientais
provenientes das lavouras brasileiras de algodão transgênico.
Projetando os dados atuais do cultivo do produto, a estimativa é
de que benefícios socioambientais expressivos sejam obtidos até
a safra 2016/17. O algodão transgênico permitirá uma redução do
volume de inseticidas na ordem de 41,5 mil toneladas. Além
disso, serão economizados 13,5 bilhões de litros de água, volume
suficiente para abastecer uma cidade de 30 mil habitantes por 10
anos, 77,3 milhões de litros de óleo diesel, ou seja, o
equivalente para o abastecimento de uma frota de 32,2 mil
veículos pelo mesmo período, além de uma redução de emissões
para a atmosfera de 198,67 mil toneladas de CO² (dióxido de
carbono), o que representa o plantio de 1,5 milhão de árvores,
quantidade necessária para neutralizar tal liberação, em igual
período.
A redução do volume de agrotóxicos dispersados no meio ambiente
pode trazer, ainda, uma inversão bastante positiva da matriz de
agroquímicos utilizada atualmente nas lavouras brasileiras.
Haverá uma redução no uso de agroquímicos das classes I e II (os
mais agressivos para o meio ambiente e para a saúde do
trabalhador) que serão substituídos pelos agrodefensivos das
classes III e IV (menos agressivos).
* Durante o processo de aprovação, o milho geneticamente
modificado resistente a pragas, recebeu o nome de Guardian, mas
seu nome comercial é YieldGard® (MON810) |
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