Brasília, Brazil
January 23, 2006
Eduardo Masmcasz
Repórter da Rádio Nacional via
Agencia Brasil
O chefe-adjunto de pesquisas e desenvolvimento da
Embrapa-Soja, João Flávio
Veloso, afirmou no especial "Soja - um grande negócio",
transmitido pela Rádio Nacional que o envolvimento da empresa
com espécies transgênicas para uso na agricultura se deve a uma
"questão estratégica". Para ele, é importante que a empresa
pública tenha seus próprios genes a fim de dar "suporte a este
tipo de crescimento, em biotecnologia, para que se possa
acompanhar o crescimento agrícola brasileiro".
O chefe da Embrapa lembrou também que o investimento do governo
na pesquisa de espécie de soja transgênica representará a
"possibilidade de uma independência biotecnológica, em matéria
de genomas, no futuro, a fim de manter a atual competividade da
soja brasileira no mercado internacional". Ele também citou
entre outros motivos para a Embrapa trabalhar nessa linha o fato
de haver produtores interessados em soja transgênica no Brasil.
Sobre a "novidade" da próxima colheita, com elevada quantidade
de soja transgênica, Flávio Veloso acha que isto decorre de uma
"questão de curiosidade". Nas próximas safras, segundo o
técnico, a soja transgênica vai ter que "provar a que veio" e,
principalmente, vai ter que mostrar realmente um ganho. Um risco
que ele vê para o processo é a possibilidade de o pagamento dos
direitos (royalties) ficar muito caro para o produtor,
que fará então uma avaliação econômica.
Numa projeção a longo prazo, o chefe de pesquisas da
Embrapa-Soja disse não acreditar que um dia o Brasil tenha 100%
de soja transgênica. Por esse motivo, ele lembrou que a empresa
nunca "direcionou o programa de pesquisas somente para a espécie
transgênica", embora, no momento, tenha 14 espécies próprias de
soja transgênica "já registradas e podendo atender pedidos dos
produtores". São do tipo resistente ao herbicida glifosato.
O "grande divisor" que, segundo João Flávio Veloso, marcou a
entrada da Embrapa na pesquisa de sementes de soja transgênica
foi em 1996 quando assinou um acordo com a multinacional
Monsanto para o "desenvolvimento de cultivares transgênicos".
Hoje, a Embrapa tem acordos com outras empresas estrangeiras,
inclusive uma japonesa, e mais oito parcerias com produtores
nacionais de sementes. Depois da descoberta, a empresa recebe
cerca de três por cento sobre o valor da semente como "direito
de uso da genética Embrapa". |