A manipulação da composição
química do milho para reforçar a quantidade de minerais e
vitaminas foi abordada durante a mesa redonda “Novos conceitos
em qualidade de grãos”, que teve entre os palestrantes a
cientista de alimentos Maria Cristina Dias Paes, da Embrapa
Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG). A estratégia é componente do
Harvest Plus, programa internacional que tenta suprir a
dificuldade de suplementação de vitaminas e minerais em regiões
que praticam a agricultura de subsistência nos países mais
pobres do mundo, como África, Ásia, América Latina e Caribe. O
HarvestPlus tenta superar essas limitações a partir do uso de
tecnologias que têm como base a distribuição de sementes de
produtos agrícolas melhorados.
No caso do milho, tema abordado
durante o XXVI Congresso Nacional de Milho e Sorgo, que acontece
em Belo Horizonte-MG, a manipulação química chega a um alimento
biofortificado, com altas concentrações de ferro, zinco e
pró-vitamina A. A Embrapa já
possui cultivares com altas concentrações dessas substâncias, os
chamados milhos QPMs, com alta qualidade protéica e aminoácidos
essenciais, como o BRS Assum Preto, variedade para o semi-árido
do Nordeste desenvolvido pela Embrapa Milho e Sorgo e Embrapa
Tabuleiros Costeiros (Aracaju-SE). Uma das principais vantagens
desse milho é a alta qualidade de proteína, 50% mais rica nos
aminoácidos lisina e triptofano, que proporcionam uma
alimentação equilibrada se utilizados em programas sociais.
Segundo Maria Cristina Dias
Paes, a biofortificação do milho apresenta como diferencial a
agregação de valor ao cereal que, em países desenvolvidos, cita
como exemplo, podem representar ganhos de até quatro vezes.
“Devemos pensar no potencial da tecnologia e nas possibilidades
de agregação de valor à commoditie”, explica. Outra necessidade
para o desenvolvimento da tecnologia, continua, é a interação
entre profissionais da área de engenharia de alimentos e da
agronomia, possibilitando a descoberta de nichos potenciais de
mercado.
ARMAZENAMENTO – As inovações
técnicas para o armazenamento do milho em propriedades
familiares foi o tema de outra mesa redonda do congresso. O
pesquisador Jamilton Pereira dos Santos, da Embrapa Milho e
Sorgo, apresentou as vantagens de se manter a integridade física
do grão após a colheita, agregando valor ao cereal. De acordo
com Jamilton, cerca de 40% do milho colhido no Brasil ainda é
armazenado em condições rudimentares, favorecendo o ataque de
roedores e insetos. “Manter a integridade do grão é essencial
para que o produtor obtenha mais renda, além de contribuir para
preservar a própria saúde dos consumidores”, destaca.
O pesquisador apresentou um
projeto que seria ideal para a agricultura familiar, denominado
paiol balaio de milho, resultado de parceria entre a Embrapa
Milho e Sorgo, Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa), e a Emater-MG. Ele possibilita ao produtor
rural um armazenamento mais adequado da produção. Uma chapa de
zinco em volta do paiol impede a entrada de roedores, ajudando a
manter a qualidade dos grãos de milho. Outra vantagem é o baixo
custo de instalação do paiol. Jamilton ainda indicou a escolha
de cultivares resistentes ao ataque de pragas para a manutenção
da qualidade do produto.
Evento: XXVI Congresso Nacional
de Milho e Sorgo
Local: GranDarrell Hotel (Rua Espírito Santo, 901, Centro, Belo
Horizonte-MG)
Data: segunda-feira (28/8) a quinta-feira (31/8)