Brazil
May 11, 2009
A ferrugem asiática ainda é o
principal problema enfrentado pelos produtores de soja, tanto
pelo número de incidências, quanto pelo alto custo para
controle. Mas além dela, o mofo branco e o nematóide das lesões
radiculares também causam sérios prejuízos às lavouras de soja
no Brasil. Para debater essa questão, o V Congresso Brasileiro
de Soja e o Mercosul 2009 promovem, no dia 21 de maio, o painel
“Manejo de doenças radiculares”.
Também terá destaque no painel o manejo da podridão radicular de
fitóftora, que vem causando problemas nas últimas safras em
cultivares suscetíveis. A pesquisadora Anne Dorance, da
Universidade de Ohio, vai apresentar as estratégias de manejo e
as preocupações que devem ser consideradas no desenvolvimento de
cultivares resistentes.
De acordo com a pesquisadora da
Embrapa Soja, Cláudia
Godoy, nas últimas safras alguns fungicidas apresentaram
problemas de eficácia no combate ao fungo Phakopsora pachyrhizi,
causador da ferrugem asiática da soja. “Em relação à ferrugem,
na safra 2007/2008 algumas populações do fungo apresentaram
menor sensibilidade aos fungicidas, principalmente no Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul”.
Segundo Cláudia Godoy, essa situação é preocupante, já que o
fungicida é a principal ferramenta para combater a ferrugem. Mas
ela lembra que ainda é possível controlar a doença com manejo
dos fungicidas. “A Embrapa e empresas multinacionais estão
fazendo um monitoramento para esclarecer o problema e definir
qual estratégia de manejo deve ser utilizada para essa doença no
futuro. Uma das opções é mudar a recomendação de controle
químico, com mistura de fungicidas de diferentes grupos
químicos”, explica.
De acordo com o gerente de pesquisa e produção do Centro
Tecnológico de Pesquisa Agropecuária (CTPA), José Nunes Júnior,
na última safra o mofo branco foi mais prejudicial que a
ferrugem no sudoeste goiano e no entorno do Distrito Federal.
O mofo branco é uma doença causada pelo fungo Sclerotinia
sclerotiorum, que infecta a planta e causa manchas aquosas e
castanho-clara. O pesquisador da Embrapa Soja, Ademir Henning,
explica que em poucos dias o mofo branco desenvolve uma massa
negra e rígida, chamada de esclerócio, que pode ser formada
tanto na superfície como no interior da haste e das vagens
infectadas.
Alta umidade do ar e temperaturas amenas favorecem o
desenvolvimento da doença. Segundo Ademir Henning, o mofo branco
tem difícil erradicação devido à sua ampla gama de hospedeiros e
a longa sobrevivência do fungo no solo. Por esse motivo,
recomenda-se o controle preventivo, com rotação/sucessão de soja
com espécies não hospedeiras, como milho, aveia branca ou trigo.
“O controle químico é oneroso, porque exige várias aplicações de
fungicidas específicos e, no momento, existe apenas um único
produto registrado. A eficiência do controle químico para mofo
branco é menor quando comparada a outras doenças, mas é uma
ferramenta que tem sido utilizada. A medida de manejo mais
importante é evitar a introdução da doença em áreas isentas,
utilizando somente semente certificada livre do patógeno”,
orienta Henning.
Nematóides – Outro problema enfrentado por produtores de soja
brasileiros, principalmente nos estados do Centro-Oeste, é o
nematóide das lesões radiculares, o Pratylenchus brachyurus, que
nas últimas safras tem causado enormes prejuízos à cultura da
soja. De acordo com o pesquisador da Embrapa Soja, Waldir
Pereira Dias, que vai participar do painel, mudanças no sistema
de produção, como a intensificação do uso da terra e a
incorporação de áreas com solos de textura arenosa, aumentaram a
vulnerabilidade da cultura ao nematóide.
As lavouras afetadas pelo nematóide apresentam reboleiras, onde
as plantas de soja exibem porte reduzido e um intenso
escurecimento de raízes, sobretudo da raiz principal. O controle
do nematóide pode ser feito por rotação de culturas e com a
utilização da resistência genética. “Como cultivares de soja com
alto nível de resistência ainda não estão disponíveis, a técnica
mais indicada atualmente é a rotação de culturas, alternando-se
cultivos de soja com outras culturas de verão e principalmente
de inverno que sejam resistentes ao nematóide”, explica Waldir
Pereira Dias. |
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