BRazil
March 10, 2009
A Fundação Bill e
Melinda Gates e a Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa estão unindo
competências para investir no desenvolvimento da agricultura
africana. Pesquisadores da Embrapa Soja (Londrina –PR) e Embrapa
Cerrados (Planaltina – DF) discutiram, na última sexta-feira
(06), com o coordenador de desenvolvimento agrícola da Fundação
Gates alternativas para contribuir com o aumento da
produtividade agrícola em até 11 países da África subsaariana.
As duas instituições pretendem investir na transferência de
tecnologias sobre fixação biológica de nitrogênio, um processo
que permite diminuir o uso ou até substituir os fertilizantes
químicos por inoculantes contendo rizóbios, bactérias
naturalmente presentes no solo e benéficas para a nutrição das
plantas. A diminuição no uso de fertilizantes nitrogenados
significa menor custo de produção e maior sustentabilidade
ambiental.
“Até o final deste ano queremos estar com um projeto em parceira
com a Embrapa em atividade na África”, destaca o agrônomo Prem
Warrior, coordenador de programas de desenvolvimento agrícola da
Fundação Bill e Melinda Gates. “Vamos atuar com transferência de
tecnologias para a África em fixação biológica de nitrogênio”,
adianta a pesquisadora Mariangela Hungria, da Embrapa Soja. A
pesquisadora comenta que a parceria entre a Fundação Gates e as
Unidades Soja, Cerrados e Embrapa África (Acra - Gana) está
aberta para colaboração de outras Unidades da Embrapa.
Warrior apresentou os planos da instituição durante encontro com
pesquisadores da Embrapa nas áreas experimentais da Embrapa
Cerrados, em Planaltina - DF. “A importância do uso de
inoculantes é evidenciada no Brasil, e no Cerrado em particular,
onde incrementou a produção agrícola de leguminosas, destaca o
coordenador.
“Todas as vidas têm valor igual” - O representante da Fundação,
lançada pelo casal ates há dez anos, em Seattle, diz que a
instituição tem como lema mostrar por meio o incentivo a
programas de educação, agricultura e saúde que “todas as vidas
têm valor igual.
Dentre os projetos em andamento estão o desenvolvimento de
bibliotecas públicas em Santiago do Chile, programa global de
erradicação da poliomielite em parceria com o Rotary
Internacional, investimentos para combate à malária na África e
de prevenção à AIDS na Índia.
Os investimentos para programas de desenvolvimento agrícola,
iniciados há dois anos, têm como foco o continente africano. “A
prioridade é aumentar a produtividade de alimentos básicos como
o milho e o arroz”, destaca. Warrior salienta ainda que, somente
nos projetos voltados para incremento da fertilidade do solo
africano, a Fundação já investiu 180 milhões de dólares.
O coordenador explica que a parceria não envolve apenas suporte
financeiro. “O treinamento é importante, e os projetos têm que
ter auto-suficiência”. Há duas semanas a Fundação Bill e Melinda
Gates anunciou investimentos de 48 milhões de dólares em duas
parcerias voltadas para o incremento da cultura do cacau e do
caju nos Camarões, Costa do Marfim, Gana, Nigéria e Libéria.
A parceria com as Unidades da Embrapa deve abranger até 11
países. “A proposta está em desenvolvimento e os países de
atuação serão definidos com base na necessidade, estabilidade e
capacitação técnica”, destaca Warrior. Pelo fato da agricultura
ser um componente essencial para o crescimento econômico da
maior parte dos países africanos, nós estamos trabalhando com
parceiros para financiar uma Revolução Verde para a África e
outras regiões que possam ser beneficiadas por investimentos
deste tipo, destaca Bill Gates na carta anual da Fundação.
Durante a reunião na Embrapa Cerrados, o coordenador trocou
ideias com os pesquisadores Jose Robson Sereno, chefe geral da
Unidade, Marília Santos Silva, articuladora internacional, e com
a equipe técnica formada pelos pesquisadores Djalma Martinhão
(fertilidade de solos), Arminda Moreira (plantas de cobertura e
adubação verde), Iêda Mendes e Fábio Bueno Júnior, ambos da
pesquisa sobre fixação biológica de nitrogênio. Mariangela
Hungria, especialista em fixação biológica de nitrogênio da
Embrapa Soja, acompanhou Warrior na visita.
“Nós acreditamos no poder da ciência” -Dados da Fundação Bill e
Melinda Gates mostram que, enquanto a produtividade agrícola nos
Estados Unidos aumentou 2,5 vezes de 1961 a 2007, e mais do que
quadruplicou na China no mesmo período, o incremento de
produtividade na África foi pouco significativo.
Warrior comenta que a Fundação aposta na ciência e tecnologia
para levar desenvolvimento às regiões mais pobres da África e do
sudeste asiático. “Nós acreditamos no poder da ciência”,
salienta. Ainda sobre o último pronunciamento de Bill Gates
sobre os investimentos em programas de desenvolvimento agrícola,
o fundador da Microsoft e da Fundação diz que “a tecnologia só
tem utilidade quando contribui para as pessoas melhorarem suas
vias. |
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