Brasília, Brazil
April 9, 2009
Comunidades quilombolas do
semi-árido do estado de Pernambuco vão ser beneficiadas com
sementes melhoradas de milho, feijão, mandioca e algodão, com
maior qualidade nutricional e mais produtivas.
As sementes foram desenvolvidas pela
Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa), que assinou hoje (9) com a
Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
termo de cooperação para implementação do projeto Semente
Crioula- Resistência Quilombola: Soberania Alimentar na
Caatinga.
O objetivo do projeto é contribuir para a melhoria da
alimentação das comunidades quilombolas no Brasil. Inicialmente,
serão atendidas as comunidades de Conceição das Crioulas,
Contendas e Santana - localizadas no município de Salgueiro - e
Jatobá e Santana - no município de Cabrobó.
Segundo estudos da Embrapa, que já fez levantamentos e trabalhos
de base nesses locais, 52 % da população negra das cinco
comunidades se encontram “em situação de insegurança alimentar”.
A participação da Empraba no projeto será voltada para a
melhoria do sistema genético das sementes, principalmente do
milho, do feijão, da mandioca e do algodão. Com o passar dos
anos, essas sementes foram perdendo qualidade e produtividade.
Além disso, a Embrapa vai atuar no resgate das espécies
tradicionalmente consumidas na região, o enriquecimento do
acervo das espécies cultivadas, consumidas e comercializadas
pelas comunidades, com a incorporação de tecnologias e produtos
desenvolvidos pela empresa pública de pesquisa.
A secretaria, que é responsável pela Agenda Social Quilombola,
que pauta suas ações nas comunidades remanescentes de quilombos,
tem como meta levar dignidade e os direitos da cidadania às mais
de 1.700 comunidades quilombolas, localizadas em 22 estados e em
mais de 300 municípios brasileiros.
O termo de cooperação que marcou o lançamento do projeto foi
assinado pelo ministro da Igualdade Racial, Edson Santos, e pela
diretora da Embrapa, Tatiane Viana de Abreu.
Segundo o ministro, a parceria com a Embrapa é importante em
função da tecnologia que a empresa pode colocar a serviço das
comunidades quilombolas. “Com isso, dá sustentabilidade ao
processo de produção de alimentos, que vai contribuir para a
sustentabilidade daquelas comunidades”.
Santos afirmou que a questão da segurança alimentar é algo
fundamental. “Garantir condições dignas de vida a essa
população, não só na questão da segurança alimentar, mas também
da titulação, da regularização fundiária, são coisas essenciais
que o estado deve garantir a essas comunidades.”
Ele disse que, na Agenda Social Quilombola o governo tem
desenvolvido uma série de ações e investimentos, envolvendo
vários ministérios. “Aonde a agenda quilombola tem chegado, tem
contribuído para melhoria da qualidade de vida e gerando um
quadro de redução da desnutrição, principalmente das crianças”,
observou o ministro.
O Programa Semente Crioula deve ser levado a outras comunidades
quilombolas, depois de estar consolidado no sertão de
Pernambuco. “Evidentemente que, na medida que ele tenha êxito
naquela região, certamente vamos replicá-lo em função do sucesso
e, a partir daí, vamos verificar o impacto para ver a
possibilidade de reproduzi-lo em outras áreas.”
Iolando Lourenço, Repórter da
Agência Brasil
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