Brazil
October 21, 2008
A ferrugem asiática surgiu nas
lavouras brasileiras de soja há oito anos e contabiliza perdas
estimadas em 10 bilhões de dólares. A boa notícia é que o
produtor está melhor preparado para enfrentar a doença e manter
bons rendimentos mesmo com a ameaça constante da ferrugem. A
evolução da ferrugem no Brasil foi apresentada hoje (21/10) no
Seminário sobre Ferrugem Asiática da Soja, que acontece até o
dia 22/10, na Embrapa Trigo
(Passo Fundo, RS), numa promoção conjunta com a Emater/RS e
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
O
Paraguai registrou o início da epidemia de ferrugem asiática nas
Américas ainda na safra 2000/2001. No ano seguinte, safra
2001/2002, a ferrugem atacava a soja nos estados do RS, PR, MS,
MT e GO, registrando perdas de 569 mil toneladas de grãos e
prejuízos de 125 milhões de dólares. Produtores despreparados e
aplicações tardias de fungicidas faziam o problema crescer a
cada ano, passando para perdas de 3,4 milhões de toneladas de
grãos em 2002/2003, com gastos de 426 milhões de dólares com
controle químico. Na safra 2003/2004, o custo ferrugem alcançou
os 2 bilhões de dólares, prejuízo esquecido na safra seguinte em
função da seca que aniquilou grande parte da produção
brasileira. O volume de grãos perdidos com a ferrugem começou a
diminuir na safra 2005/2006, caindo para 2,9 milhões de
toneladas, mas o custo ainda era alto: 2,1 bilhões de dólares,
chegando a 2,2 bilhões na safra 2006/2007, quando o bom
rendimento das lavouras – principalmente associado ao fator
clima – compensou o gasto com a ferrugem. Finalmente, na última
safra – 2007/2008 – as perdas caíram para 418 milhões de
toneladas de grãos, com custo de 1,97 bilhões de dólares.
Avaliando os números, a pesquisadora da Embrapa Trigo, Leila
Costamilan diz que o produtor, e mais ainda a assistência
técnica, estão mais preparados para conviver com o problema.
“Hoje faz parte do kit do agrônomo uma lupa, um canivete e um
saco plástico para coletar as amostras na lavoura de soja”,
ressalta a pesquisadora, lembrando que muitos produtores
deveriam a administrar sua própria unidade de alerta: “uma
pequena área em meio à lavoura semeada antes da época, sem
tratamento de fungicida, num local de maior umidade. Ao primeiro
sintoma de ferrugem asiática nesta área isolada, o produtor
efetua aplicação de fungicida em toda a lavoura e garante um bom
controle da doença”.
Outro fator de sucesso, segundo a pesquisadora da Embrapa Soja,
Cláudia Godoy, foi a implantação normativa do Vazio Sanitário,
onde a maioria dos estados produtores devem deixar as áreas sem
soja durante 60 a 90 dias como forma de evitar a ponte verde que
permite a sobrevivência do fungo causador da ferrugem. O RS não
participa do vazio sanitário poque não cultiva soja de inverno,
mantendo apenas uma safra de oleaginosa ao ano, além do inverno
rigoroso auxiliar no controle natural de plantas voluntárias.
Clima bom pra soja é clima bom pra ferrugem
A afirmação da pesquisadora Leila Costamilan está baseada na
incidência de chuvas, principalmente nos meses de janeiro e
fevereiro, durante o estádio reprodutivo da planta, ao mesmo
tempo em que garante umidade necessária à ferrugem. “Se o clima
é favorável para soja, é favorável também para a ferrugem. Ainda
assim, é preferível soja com chuva e ferrugem do que enfrentar
uma situação de seca”, diz Costamilan.
Em relação ao clima de 2008/2009, o produtor pode ficar
tranquilo quanto ao risco de estiagem, mas em relação à ferrugem
asiática a recomendação é de alerta. “A previsão é de chuvas
dentro do esperado historicamente no verão. O produtor de soja
deve acompanhar as previsões climáticas que permitem decidir o
momento certo de agir na lavoura”, destaca a pesquisadora. Na
dúvida quanto à presença do fungo na soja, uma amostra a partir
da coleta de folhas do terço inferior da planta deve ser
acondicionada em saco plástico e enviada a um dos laboratórios
credenciados no Consórcio Antiferrugem (disponíveis no site
http://www.consorcioantiferrugem.net).
Números no Rio Grande do Sul
Safra 2006/2007
• perda média por ferrugem: 5 a 8 sc/ha
• custo da aplicação: R$ 150,00/ha (dólar 1,91)
• rendimento médio: 2.550 kg/ha
Safra 2007/2008
• perda média por ferrugem: 1 a 2 sc/ha
• custo da aplicação: R$ 47,00/ha (dólar 1,63)
• rendimento médio: 2.028 Kg/ha |
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