Brazil
November 25, 2008
José Maurício Cunha
Fernandes, Pesquisador
Embrapa Trigo
Entre as doenças bacterianas que afetam a cultura do trigo,
encontra-se a queima da folha do trigo induzida por Pseudomonas
syringae pv. syringae e a mancha da base da gluma causada por
Pseudomonas syringae pv. atrofaciens. O grupo P. syringae tem
sido relatado na maioria das regiões de clima temperado e
sub-temperado do mundo, onde o trigo é cultivado. As condições
ambientais influenciam fortemente a severidade destas doenças e
o conseqüente efeito no rendimento do trigo. Um dos motivos pelo
qual estas doenças não são muito estudadas é o caráter
esporádico que apresentam. As condições ambientais que favorecem
queima da folha são temperaturas amenas (15 a 25º C) e alta
umidade relativa. Já a mancha basal da gluma é favorecida por
períodos extraordinariamente úmidos e temperaturas entre 15 e
20º C. Ambas as espécies bacterianas podem estar presentes em
sementes, solo, restos culturais e na água. Outros cereais podem
ser afetados, incluindo a aveia, o centeio e o triticale. A
espécie Pseudomonas syringae pv. syringae é extremamente comum
sendo encontrada em numerosas plantas daninhas e em outras
culturas.
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Sintomas de Pseudomonas syringae pv. syringae na folha
do trigo. |
No Brasil, a queima da folha e a
mancha da base da gluma ocorre mais comumente nas regiões
tritícolas de clima temperado, no Sul do Brasil. Neste ambiente,
a ocorrência de uma ou outra doença, com alguma severidade, é
restrita a condições de clima com temperaturas baixas e
prolongados períodos de alta umidade relativa.
Os primeiros sintomas da queima da folha aparecem nas folhas
superiores ao redor do estágio do espigamento. A infecção de
Pseudomonas syringae nas folhas inicia-se com a presença de uma
mancha aquosa com diâmetro em torno de 1 mm que evolue, no
período de 2 a 3 dias, para uma coloração branco-amarelada com
áreas cloróticas que podem coalecer formando áreas com aspecto
desidratado. Pequenas gotículas viscosas (exsudato) podem
desenvolver junto as lesões nas folhas, sob condições ambientais
extremamente úmidas.
Os sintomas da mancha basal da gluma caracterizam-se pela
necrose, de coloração marrom escura, dos tecidos do terço
inferior da gluma. A colonização bacteriana nas glumas pode
espalhar-se pelo ráquis atingindo o grão. Os sintomas da mancha
basal da gluma as vezes são confundidos com sintomas de outras
doenças causadas por fungos como Leptospheria nodorum e
Cochliobolus sativus e, também, por fatores abióticos como
melanismo. A mancha basal da gluma resulta em grãos mal formados
e leves.
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Sintomas de Pseudomonas syringae pv. atrofaciens na
espiga do trigo. |
Ambas espécies bacterianas podem
sobreviver em sementes, sobre restos de cultura e em várias
gramíneas que servem de hospedeiro. Geralmente a doença inicia
nas folhas inferiores. O impacto dos respingos de chuva e o
contato das plantas durante os períodos úmidos disseminam o
microrganismo. Insetos, incluindo afídeos, podem disseminar a
bactéria transportando-a sobre seus corpos. Neste caso, o início
dos sintomas pode aparecer nas folhas superiores dependendo onde
o inseto fez o contato. A bactéria penetra nas plantas através
de aberturas naturais tais como hidatódios, estômatos e através
de ferimentos. O desenvolvimento da doença ocorre somente em
condições úmidas.
Pseudomonas syringae pv. syringae e Pseudomonas syringae pv.
atrofaciens apresentam fases epifíticas importantes. Populações
deste grupo de bactérias encontram-se sempre presentes
colonizando a superfície foliar de plantas de trigo ou de outras
espécies. Por conseguinte, as condições meteorológicas são mais
relevantes para que ocorram surtos da doença do que a mera
presença de células bacterianas. A resistência genética é o
método mais eficiente e econômico de controle da queima da folha
do trigo e da mancha basal da gluma. Na ocorrência de uma
epidemia, a identificação de cultivares resistentes é bastante
fácil, o que permite que os melhoristas possam eliminar as
cultivares que são suscetíveis. No caso de lavouras comerciais
com cultivares susceptíveis não existe uma tática que possa ser
usada para prevenir ou reduzir o impacto destas doenças
bacterianas na cultura do trigo.
Bibliografia consultada
KIETZEL, J. von; RUDOLPH, K. Wheat diseases caused by
Pseudomonas syringae Pathovars. In: DUVEILLER, E.; FUCIKOVSKY,
L.; RUDOLPH, K. (Ed.). The bacterial diseases of wheat: concepts
and methods of disease management. Mexico: CIMMYT, 1997. p.
49-57.
MARAITE, H.; BRAGARD, C.; DUVEILLER, E. The status of resistance
to bacterial disease of wheat. In: BUCK, H. T.; NISI, J. E.;
SALOMÓN, N. (Ed.). Wheat production in stressed environments.
Dordrecht: Springer, 2007. p. 37-49. (Developments in Plant
Breeding, 12). Proceedings of the 7th International Wheat
Conference, held November 27 - December 2, 2005, in Mar Del
Plata, Argentina. |
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