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Controle de plantas daninhas na soja resistente ao glyphosate

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Brazil
November 14, 2008

Embrapa Trigo
Leandro Vargas¹; Mário Bianchi²; Mauro Rizzardi³
¹Eng.-Agr., D. S., Pesquisador da Embrapa Trigo. vargas@cnpt.embrapa.br1
²Eng.-Agr., D. S., Pesquisador da Fundacep. mariobianchi@fundacep.com.br
³Eng.-Agr., D. S., Professor da Faculdade de Agronomia /UPF. rizzardi@upf.br

O período para controle de plantas daninhas em soja abrange um mês antes e um mês depois da semeadura da soja. Para obter elevada eficiência é necessário adotar práticas de manejo da propriedade rural que vão além do simples cultivo da soja, ou seja, o manejo de plantas daninhas é uma atividade contínua que deve ser executada durante todo o ano e durante todos os anos. A adoção da rotação de culturas, de adubos verdes ou da cobertura do solo durante todo o ano (método “colher-semear”), do controle de plantas daninhas nas pastagens de estação fria, reduz muito a probabilidade de estabelecimento de espécies daninhas problema, reduz a densidade e o tamanho das plantas daninhas a ser controladas na dessecação antes da semeadura das culturas. Como exemplo disso, o cultivo de aveia-preta ou de trigo reduziu de 55 a 92% a população e no mínimo a metade do porte das plantas de buva antes da semeadura da soja (Tabela 1). Isso facilita o controle na dessecação com relação momento da aplicação e a dose dos herbicidas utilizados.

 

Tabela 1. Influência do tipo de cultivo no outono/inverno sobre a população de buva (Conyza bonariensis) presente antes da semeadura da soja em três locais do Rio Grande do Sul. Safra 2007/07.

Cultivo no outono/ inverno 1

População (plantas m-2)

Redução (%)

Tamanho (cm)

---------- Fundacep, Estação Experimental, Cruz Alta ----------

Pousio

27

0

-

Trigo

2

92

-

------------------- UPF, Cepagro, Passo Fundo -------------------

Pousio

27

0

-

Aveia-preta

4

85

-

Trigo

3

89

-

-------- Embrapa Trigo, Lavoura comercial, Cruz Alta ---------

Pousio

62

0

58

Aveia-preta

28

55

28

Trigo 2

11

82

10

1 Resultados obtidos por Bianchi, M.A. (Fundacep), Rizzardi, M.A.(UPF) e Vargas, L. (Embrapa Trigo).
2 Tamanho determinado após o corte das plantas de buva por ocasião da colheita do trigo.

Importância da “semeadura no limpo”

Entende-se por “semeadura no limpo” a condição de lavoura que permita semear na ausência ou com o mínimo possível de plantas daninhas vivas, mas com boa quantidade de palha sobre a superfície do solo, e que permita manter essa condição até quando a soja apresentar a quarta ou quinta folha trifoliolada. É o mesmo que “iniciar no limpo e permanecer no limpo”. Trabalhos de pesquisa conduzidos na Embrapa Trigo e Fundacep indicam ganho de 4,0 a 9,0 sacos de soja por hectare quando a semeadura é feita na ausência de plantas daninhas (“no limpo”) e a área é mantida com baixa densidade de plantas daninhas até o terceiro/quarto trifólio da soja, momento em que é aplicado o glyphosate para o controle das plantas daninhas na soja RR (Tabela 2). Além disso, a semeadura na presença das plantas daninhas remanescentes da dessecação (“escapes”) também causa prejuízo à soja, podendo reduzir em 345 kg/ha (9%) a produtividade de grãos (Figura 1).

Para fins de manejo de plantas daninhas as lavouras de soja podem ser classificadas em dois tipos: Pousio e Resteva. O Pousio se caracteriza por áreas com plantas daninhas grandes e em densidades elevadas, normalmente encontradas em lavouras em pousio ou com pastagens mal manejadas. A Resteva por áreas cultivadas durante a estação fria com as culturas de Trigo, Cevada, Aveia-branca, etc., onde predominam plantas daninhas de pequeno porte e em baixas densidades, muitas vezes “escondidas” sob a palha. 

No pousio a aplicação seqüencial tem apresentado os melhores resultados. Nesse caso, a primeira aplicação deve ser feita com duas a três semanas de antecedência à semeadura, utilizando a mistura de herbicidas a base de glyphosate e 2,4-D. Em alguns casos, o 2,4-D pode ser substituído por herbicidas a base de chlorimuron. A segunda aplicação deve ser efetuada logo antes da semeadura (um a dois dias) com herbicidas a base de paraquat ou paraquat+diuron. A aplicação seqüencial permite, na maioria dos casos, a semeadura sem “escapes” de plantas daninhas, facilitando o controle em pós-emergência da soja.

Na resteva, é possível dessecar e semear logo em seguida sem que isso cause prejuízo a produção de soja. Como são áreas com menor incidência de plantas daninhas existe maior número de alternativas para controle inclusive com a combinação do glyphosate com herbicidas residuais indicados para a cultura da soja não transgênica. Nessa modalidade de aplicação pode ser utilizado junto com o glyphosate, herbicida a base de chlorimuron, diclosulan, imazaquin, imazethapyr e sulfentrazone. Esses produtos controlam as principais espécies daninhas presentes na soja com destaque para buva e corriola e permitem que a soja inicie seu desenvolvimento com o mínimo de plantas daninhas. Além disso, facilitam o controle das plantas daninhas pelo glyphosate, aplicado em pós-emergência na soja RR, porque reduzem a densidade e atrasam a emergência das plantas daninhas, resultando em plantas pequenas, cujo controle com glyphosate torna-se mais fácil.

Rentabilidade da “semeadura no limpo”

Considerando-se, como citado anteriormente, que a dessecação para estabelecimento da soja é realizada com herbicidas a base de glyphosate na dose de 720 g e.a./ha (= 2L/ha de Polaris, por exemplo); que esta operação é efetuada, maioria das propriedades, muito próxima a semeadura (um a dois dias), e que nessa situação devido a semeadura na presença de plantas daninhas, ocorre perdas na produtividade de grãos de soja, elaborou-se a comparação entre o investimento extra para semear no limpo e o retorno com essa tecnologia (Tabela 3).

 

Tabela 2. Custo adicional dos herbicidas aplicados antes da semeadura da soja para propiciar “semeadura no limpo” e retorno em produtividade de grãos decorrente desse controle. Fundacep, Cruz Alta (RS), 2008.

Herbicidas adicionais 1, 2

Momento da Aplicação

Custo adicional 3

R$/ha

Sacos/ha

       I.            No Pousio:

     

Trop+DMA (1L + 2L)

10 a 14 DAS

40,00

1,04

Trop+DMA/Gramocil (1L+1,5L /1L/ha)

14 DAS / 2 DAS

57,00

1,24

Trop+Classic/Gramocil (1L+80g/1L/ha)

14 DAS / 2 DAS

52,60

1,14

    II.            Na Resteva:

     

Boral (0,4 L/ha)

1 a 2 DAS

34,40

0,75

Classic (80 g/ha)

1 a 2 DAS

13,60

0,30

Pivot (1 L/ha)

1 a 2 DAS

23,00

0,50

Spider (30 g/ha)

1 a 2 DAS

27,60

0,60

Retorno em produtividade de grãos de soja por “semear no limpo” 4

Experimentos analisados

------------------- Retorno --------------------

Sacos/ha

%

R$/ha

Experimento I

4,8

7

220,80

Experimento II

5,8

9

266,80

Experimento III

6,5

13

299,00

Experimento IV

6,5

17

299,00

Experimento V

8,6

17

395,60

Experimento VI

9,1

21

418,60

1 Produtos e doses adicionados ao glyphosate a 720g e.a./ha (= 2L/ha de Roundup Original, por exemplo) utilizado normalmente na dessecação.
2 Marcas comerciais utilizadas servem apenas de referência para o cálculo, podendo outras marcas apresentar custos diferentes.
3 Valores variáveis função do mercado. Utilizou-se: Boral, R$ 86,00/L; Classic, R$ 0,17/g; DMA, R$ 12,00/L; Gramocil, R$ 23,00/L; Pivot, R$ 23,00/L; Spider, R$ 0,92/g; Trop, R$ 16,00/L).
4 Cálculo considerando R$ 46,00/saco de soja. Resultados de experimentos conduzidos na Fundacep entre as safras 2004/05 e 2007/08, em que houve diferença significativa entre a semeadura na presença de plantas daninhas (Pousio com escapes da dessecação e Resteva com plantas “escondidas” sob a palha) e na ausência das mesmas, sendo o controle em pós-emergência realizado na soja com o 3o ou 4o trifólio.

No Pousio o investimento extra para semear no limpo, em média, é de R$ 50,00/ha (≈ 1,1 saco de soja por hectare) e na Resteva a média é de R$ 25,00/ha (≈ 0,54 saco de soja por hectare). O ganho em produtividade de grãos de soja por semear no limpo, em média, é de R$ 317,0/ha (≈ 6,9 sacos de soja por hectare). Portanto a rentabilidade por semear no limpo e manter a lavoura com o mínimo de plantas daninhas até a soja apresentar o quarto trifólio, estágio em que é realizado o controle na maioria das lavouras de soja no RS, em média, é de R$ 267,00 (≈ 5,8 sacos de soja por hectare) no Pousio e de R$ 292,00/ha (≈6,3 sacos de soja por hectare) na Resteva.

O incremento na produtividade apresentado na Tabela 2 se origina de experimentos em que houve diferença estatística, com probabilidade de acerto de mais de 95%, na comparação da semeadura na presença de plantas daninhas com a semeadura que iniciou e permaneceu no limpo. Com o alto grau de acerto da tecnologia proposta, pode-se dizer que para o investimento de 1 saco/ha existe alta probabilidade de um retorno de 6 sacos/ha de soja na colheita. São raros os investimentos que possuem essa rentabilidade. Vale a pena pensar na adoção dessa tecnologia!

 

 

 

 

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