Brazil
March 12, 2008
O bom momento vivido pelos
produtores de milho no Brasil, impulsionado, entre outros
fatores, pelo aumento na produção em mais de 5% em relação à
colheita anterior e pelas boas condições climáticas que podem
consolidar a atual safra como uma das maiores da história do
país, vem provocando reações positivas em um segmento que até
então vivia à margem dos produtores de milho em grão: os
produtores de milhos especiais.
Nas formas de milho verde, seja cozido, assado ou pamonha, o
mercado já sinaliza oportunidades para quem aposta no tamanho em
miniatura do milho. “A versatilidade que o minimilho permite,
seja no seu uso em saladas, em sopas, misturado no arroz ou em
massas, em cozidos de legumes ou de carnes e grelhados em azeite
como guarnição, tem provocado a abertura de um novo nicho de
mercado, que já começa a ser explorado por restaurantes finos,
por exemplo”, explica Valéria Aparecida Vieira Queiroz,
pesquisadora da Embrapa
Milho e Sorgo.
Composto quase que em sua totalidade por água, o minimilho tem o
diferencial de possuir menor valor calórico se comparado ao
milho comum. É considerado uma hortaliça pelos cuidados que
exige. Depois de colhido, deve ser imediatamente acondicionado
em temperaturas que permitam sua conservação, entre 5º e 10º C.
De importador – a maioria do minimilho consumido no Brasil vinha
da Tailândia –, o produto vem ganhando adeptos entre os
produtores rurais, principalmente os que utilizam mão-de-obra
familiar; hoje o país já é auto-suficiente em produção. E a
receita é certa: os maiores consumidores são das classes A e B.
Para produzir minimilho, adianta o pesquisador Israel Alexandre
Pereira Filho, também da Embrapa Milho e Sorgo, é necessário um
cuidado especial na colheita. “O produtor deve visitar a lavoura
todos os dias, pois o ponto de colheita é determinado pela
emissão dos cabelos na espigueta. Dois dias depois de
aparecerem, está na hora de colher”, diz Israel. No verão, o
minimilho é colhido em até 45 dias, dependendo da precocidade da
cultivar escolhida. No inverno, a colheita demora um pouco mais,
chegando a até 75 dias. Acertar o dia da colheita é
determinante, segundo ele. “O minimilho é a própria espigueta do
milho de 4 a 12cm antes da polinização. Se for polinizado,
perde-se o valor comercial”, completa.
O pesquisador adianta que trabalhos de melhoramento
desenvolvidos por pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo,
Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária,
vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
estão em busca de uma cultivar específica de minimilho, de olho
nas exigências de mercados consumidores.
“Qualquer cultivar que suporte alta densidade de plantio pode
ser usada para a produção de minimilho. No entanto, os países da
União Européia, principais importadores, têm preferência por
cultivares de milho doce, que são mais saborosos e tenros”.
Segundo Israel, uma das cultivares com a tecnologia Embrapa que
mais tem atendido às exigências do mercado é a variedade BR 106,
uma das mais plantadas no país.
MERCADO PROMISSOR
Em Minas Gerais, de acordo com o pesquisador Israel Filho, o
produtor recebe até R$ 3 por quilo de minimilho minimamente
processado. Se já processado em conserva, o valor sobe para R$
5. Outro atrativo de uma lavoura de minimilho é a economia de
insumos. “O custo de produção é menor se compararmos ao cultivo
de milho em grão, já que a ocorrência de pragas e doenças é
atenuada pela exigência de uma colheita mais precoce”, afirma.
Para Mário do Amaral Filho, produtor de milho na região de
Ribeirão Preto-SP e que vem estudando o plantio de uma lavoura
de minimilho para exportação, o empresário deve estar atento às
exigências dos países importadores. “O contrato é muito
minucioso e as exigências em relação à sanidade, à qualidade e
ao armazenamento fará com que os produtores busquem um nível de
excelência bastante elevado. Devemos nos adequar para que
possamos apresentar competitividade”, resume. |
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