Brazil
June 10, 2008
Um levantamento de perdas na soja
causadas pela ferrugem e pela seca no Rio Grande do Sul foi
apresentado nesta semana pela
Embrapa Trigo (Passo
Fundo, RS). Os números apontam para valores próximos a R$ 2,1
bilhões nos gastos com controle de ferrugem e redução média na
produtividade, que chegou a 22% devido à estiagem.
A ferrugem asiática chegou ao estado em 2001 e, desde então,
ocorre praticamente em todas as regiões produtoras de soja. Para
estimar o dano econômico causado pela doença na última safra
(2007/2008), a Embrapa Trigo consultou 12 cooperativas, que
representam 47% da área total cultivada no RS.
Segundo o levantamento, o principal critério para identificar o
momento da aplicação de fungicida na soja foi o início do
florescimento. Em 24% da área foi realizada uma aplicação de
fungicida, em 67% da área, duas aplicações, e em 9% foram três
aplicações. Os grupos químicos mais usados foram mistura de
triazol e estrobilurina.
Conforme a pesquisadora Leila Costamilan, as entidades
consultadas apontaram reduções de rendimento de grãos devido ao
ataque da ferrugem asiática na média de um a dois sacos por
hectare. A estimativa de perdas causadas pela ferrugem
considerou o seguinte cálculo: a perda de um saco (sc) por
hectare (ha) de soja em 1,8 milhões de hectares (área total das
cooperativas levantadas), ao preço de R$ 40/sc, e com a média de
1,85 aplicações/ha, ao custo de R$ 46,80/ha, chega-se ao total
de R$ 158.580.000 na área pesquisada. Extrapolando estes valores
para a área total de soja no RS em 2007/2008 (3.855.563
hectares), as perdas econômicas com a doença podem chegar a R$
488 milhões.
Reflexos da seca
"A severidade no ataque da ferrugem foi baixa em função da seca
que ocorreu no estado no início de 2008. Em comparação com o ano
anterior, os gastos com o controle e as perdas de rendimento de
grãos de soja foram 71% menores", explica a pesquisadora Leila
Costamilan.
As cooperativas consultadas durante o levantamento confirmaram
que a estiagem foi o principal fator redutor de produtividade,
diminuindo a expectativa inicial de 47,2 sc/ha para 36,8 sc/ha,
uma redução média de 22%. A cooperativa que relatou maiores
perdas foi a Cotrirosa, da região de Santa Rosa, onde houve uma
redução de 50% entre o rendimento esperado e o colhido. A
Cotrijal, de Não-Me-Toque, foi a que apresentou menores perdas
(de 47 para 45 sc/ha, redução de 4%). "Provavelmente pela maior
intensidade de chuvas na região", lembra o analista da Embrapa
Trigo, Paulo Ernani Ferreira.
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Foto:
Ferrugem e seca foram as vilãs - crédito Leila
Costamilan |
Quanto à seca, considerando a
perda de 10,4 sc/ha, ao mesmo valor de R$ 40/sc, na área total
do RS, os prejuízos econômicos seriam de, aproximadamente, R$
1,6 bilhão que, somados às perdas causadas por ferrugem, elevam
as perdas para algo em torno de R$ 2,1 bilhões.
Outros problemas registrados foram a ocorrência de ácaros,
geadas em abril, pragas como cigarrinha-búfalo e percevejos,
além da falta de dessecante no mercado no momento de maior
demanda.
Tabela 1.
Cooperativas participantes do levantamento sobre perdas
relacionadas à ocorrência de ferrugem de soja na safra 2007/08 e
área correspondente.
Cooperativa Área (mil ha)
Agropecuária e Industrial (Cotrijuí) 380
Agrícola Tupanciretã (Agropan) 270
Tritícola Regional Santo Ângelo (Cotrisa) 240
Tritícola Santa Rosa (Cotrirosa) 165
Agrícola Mista General Osório (Cotribá) 150
Tritícola Mista Alto Jacuí (Cotrijal) 130
Tritícola Erechim (Cotrel) 120
Tritícola de Espumoso (Cotriel) 100
Tritícola Campo Novo (Cotricampo) 80
Tritícola de Getúlio Vargas (Cotrigo) 75
Tritícola Vacariense (Cooperval) 70
Tritícola Sananduva (Cotrisana) 20
Área consultada 1.800
Área total de soja no RS (Emater/RS, 2008) 3.855,6
% de área consultada em relação à total 47
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