Brazil
June 3, 2008
Flávio Martins Santana,
Pesquisador da Embrapa
Trigo em Fitopatologia
Timothy Lee Friesen, Pesquisador do
Departamento de Agricultura dos
Estados Unidos em Fitopatologia
A mancha amarela do trigo é uma das maiores doenças dessa
cultura no sul do Brasil. É causada por Pyrenophora
tritici-repentis, um fungo necrotófico, que sobrevive em palha
de trigo deixada entre uma estação de cultivo e outra. A
capacidade de sobrevivência nos restos culturais está associada
ao sistema de plantio direto, que torna a doença importante,
especialmente se o produtor não pratica rotação de culturas. Os
anos chuvosos são mais propícios ao desenvolvimento da doença,
dificultando o controle por meio de fungicidas.
Para controle da mancha amarela têm sido utilizados três
métodos:
- Controle químico: obtido
por meio de aplicação de fungicidas, como triazois,
estrobilurinas ou a mistura destes. Para as doenças causadas
por Bipolaris sorokiniana, Stagonospora nodorum, ou Septoria
tritici, que produzem sintomas semelhantes à mancha amarela,
recomenda-se a aplicação de fungicidas quando a incidência
de doença atingir 70%; mas para mancha amarela, causada por
P. tritici-repentis, fungo mais agressivo, é recomendado a
aplicação de fungicidas nos primeiros sintomas;
- Manejo cultural: a rotação
de culturas reduz o inóculo primário do fungo, o qual
sobrevive na palha do trigo. O período de decomposição desta
palha pode chegar a 18 meses, funcionando neste intervalo
como fonte de inóculo primário da doença;
- Cultivares resistentes:
está entre as estratégias de controle mais indicada para
diversas doenças, por não causar danos ambientais,
entretanto, há poucas cultivares disponíveis no mercado com
níveis satisfatórios de resistência à mancha amarela, embora
muitos ainda possam ser utilizados como fonte de
resistência, como BH 1146, BR 8, BR 32 e BR 34.
Identificação
Raças de Pyrenophora tritici-repentis têm sido estudadas por
mais de 10 anos por vários grupos de pesquisa na América do
Norte. O método de identificação é baseado no desenvolvimento de
sintomas sobre linhas diferenciadoras de trigo. Cada raça pode
produzir uma ou mais toxinas, que podem causar sintomas de
necrose ou clorose em hospedeiro suscetível. No campo, a doença
normalmente é identificada pela presença de lesões necróticas
circundadas por halo clorótico. A Embrapa Trigo, localizada em
Passo Fundo, RS, está começando a aplicar esta abordagem para
identificação de raças no Brasil, juntamente com a
caracterização molecular do patógeno, em colaboração com
pesquisadores do Departamento de Agricultura do Estados Unidos
(USDA-ARS).
O conhecimento das prováveis raças e seu monitoramento no campo,
juntamente com a caracterização molecular, são de grande
importância para o processo de obtenção de cultivares com bons
níveis de resistência à mancha amarela. Tal abordagem é mais
precisa que a metodologia atual, baseada em seleção massal
independente do isolado do fungo, e pode auxiliar os
pesquisadores na avaliação de novas cultivares com resistência a
um grupo específico do patógeno.
Com tal ação, espera-se encontrar genes efetivos para
resistência à manha amarela nas cultivares da Embrapa,
contribuindo assim para o menor uso de fungicidas e,
consequentemente, redução na poluição ambiental.
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Cultivar de trigo suscetível à mancha amarela
crédito Flávio Santana |
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