Brasília, DF, Brazil
July 17, 2008
A Embrapa Hortaliças e
a Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa) assinaram
nessa quinta-feira (17) um acordo de cooperação para introduzir
a tecnologia do alho-semente livre de vírus nas principais áreas
produtoras do Brasil. O contrato prevê a substituição dos
bulbilhos utilizados atualmente por materiais de alta qualidade
fitossanitária da variedade Chonan.
Segundo o acordo, nos próximos três anos, 4.000 bulbilhos serão
transferidos para serem multiplicados por produtores indicados
pela Anapa. Já em 2008, foram repassados 867, que estão
plantados no município de Cristalina (GO) (foto). Além da
cultivar Chonan, o contrato prevê a transferência de outros
materiais de alho nobre importantes para o setor.
Os produtores também vão aprender a multiplicar o alho-semente
em suas propriedades, garantindo a qualidade e a autonomia da
produção. Essa tecnologia já foi testada com pequenos produtores
da Bahia e de Minas Gerais e resultou em um aumento médio de
100% na produtividade e num incremento na qualidade do produto.
Para o presidente da Anapa, Rafael Jorge Corsino, isso deve se
repetir com o novo projeto. “O aumento da qualidade vai gerar um
aumento na produtividade pois os bulbilhos são mais sadios e
também haverá uma redução de custos para o produtor”, explica.
O chefe-geral da Embrapa Hortaliças, José Amauri Buso, tem a
expectativa de que o produtores adotem rapidamente o alho livre
de vírus. “Como os produtores beneficiados pelo acordo já estão
habituados a utilizar recursos tecnológicos, haverá menos
resistência à tecnologia e sua taxa de adoção poderá ser mais
rápida, em comparação com os trabalhos realizados
anteriormente”, explica.
Adoção lenta
Mas o consumidor deverá esperar até a chegada do alho livre de
vírus aos mercados. De acordo com José Amauri Buso, em virtude
de características da planta, a obtenção dos bulbos de alta
qualidade é um processo lento. Até a substituição completa das
sementes antigas pelas livres de vírus são três anos. Mas isso
não quer dizer que o consumidor verá o produto em 2012.
“Creio que essa tecnologia vai demorar cerca de seis anos até
chegar ao consumidor. Isso porque o alho livre de vírus será tão
melhor que o produto atual, que ele será vendido como semente
para outros produtores”, afirma Amauri Buso. Para o pesquisador,
não é possível ser mais rápido, mas o processo de substituição
pode ser ampliado, atendendo um maior número de produtores,
desde que haja novos investimentos.
A corrida por mais produtividade e qualidade é uma das
estratégias que a cadeia produtiva do alho está adotando para
enfrentar a concorrência de produtos importados, que colocam em
risco os agricultores brasileiros. Segundo o presidente da
Anapa, a produção nacional corre risco de desaparecer devido à
venda de alho importado por preços abaixo do custo (dumping),
que pode acabar com a concorrência nacional, gerando um
monopólio. “Se o governo não tomar uma providência rápida para
regular a importação de alho, corre-se o risco de essa
tecnologia nem ser usada.” |
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