Brazil
December 5, 2008
Leila Costamilan, Pesquisadora
da Embrapa Trigo
A exportação de material propagativo de vegetais entre os países
do Mercosul segue normas específicas quanto aos cuidados
fitossanitários, discutidas em reuniões periódicas entre os
países. Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai exigem o
cumprimento de padrões sanitários para permitir a entrada, em
seus países, de sementes de várias espécies. Essas medidas visam
diminuir o risco de introdução e estabelecimento de novas
doenças e pragas em seus territórios, que poderiam causar
prejuízos econômicos ao país de destino.
Para cumprir estes requisitos, os exportadores do Brasil devem
apresentar declarações, assinadas por técnicos treinados, de que
suas sementes foram produzidas em campos livres de determinadas
doenças, e que seguem os requisitos fitossanitários exigidos
pelo país de destino.
No Rio Grande do Sul, o órgão responsável pelo registro de
responsáveis técnicos para emissão dessas declarações,
conhecidas como Certificado Fitossanitário de Origem (CFO), é a
Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Agronegócio, que
credenciou a Embrapa Trigo para oferecer capacitação a técnicos
interessados. A primeira turma de responsáveis técnicos foi
treinada em novembro de 2008, em Passo Fundo.
A última versão das exigências fitossanitárias para os países do
Mercosul foi publicada em 2006, pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA). As doenças em questão são uma
bacteriose (Curtobacterium flaccumfaciens pv flaccumfaciens),
três viroses (Southern bean mosaic virus, Tobacco ringspot virus
e Bean pod mottle virus) e uma causada por nematóide (Heterodera
glycines), algumas destas ainda não observadas no Rio Grande do
Sul, enquanto que outras realmente estão presentes em lavouras
de soja do estado. A Argentina é o país mais exigente,
solicitando CFO para quatro doenças, enquanto que Uruguai e
Paraguai exigem, cada um, atestado para duas doenças. Entre as
doenças consideradas para emissão de CFO encontra-se o nematóide
de cisto que, em 2002, foi detectado em 72 propriedades de 13
municípios do Rio Grande do Sul, em levantamento realizado pela
Embrapa Trigo, e que requer, por isso, maior atenção na
identificação de sintomas em campo e no beneficiamento das
sementes.
O treinamento , além de ser uma exigência legal para registrar o
responsável técnico para emissão de CFO, oportunizou um momento
de discussão sobre a diferenciação entre as doenças solicitadas
e as que ocorrem em soja, no Brasil, seu diagnóstico a campo e
os métodos de controle. Amostragem e aquisição de declarações
adicionais, principalmente quanto aos testes sanitários das
sementes, também foram assuntos abordados.
Aos produtores de sementes de soja do Rio Grande do Sul, este
novo serviço oferecido pela Embrapa Trigo facilitará a abertura
de oportunidades de negócio. |
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