Brazil
April 14, 2008
O recorde sinalizado para a safra de milho 2007/2008, com
expectativa de produção, segundo a
Conab (Companhia Nacional de
Abastecimento), de 56,23 milhões de toneladas – 4,86 milhões
de toneladas a mais que a safra anterior – exigirá do país uma
participação eficiente no mercado externo.
Segundo o pesquisador da área de Economia Agrícola da
Embrapa Milho e Sorgo João
Carlos Garcia, o Brasil terá que atender à uma demanda de
exportação entre 11 e 12 milhões de toneladas de milho em 2008
“para fornecer suporte aos preços internos tendo em vista o
tamanho da safra”, diz.
“Na safra passada, o país mostrou que é capaz de exportar mais
de 10 milhões de toneladas através dos seus canais logísticos”,
se referindo ao escoamento da produção onde foram realizadas
inclusive operações de exportação de milho a partir de regiões
não convencionais, como o Mato Grosso. Em 2008, estas
alternativas deverão ser otimizadas para garantir com eficiência
o abastecimento externo. A Conab confirma os números. As
estimativas da Companhia são a manutenção do volume exportado em
2007: 11 milhões de toneladas.
O risco, ainda existente, continua o pesquisador, é a relação
direta entre a possível produção recorde de milho e a
performance das lavouras plantadas na safrinha. “Por terem sido
implantadas em épocas atrasadas em algumas regiões em relação ao
período indicado pelo zoneamento agroclimático, estas lavouras
podem apresentar problemas com relação a aspectos climáticos
menos favoráveis”, alerta Garcia.
A previsão já vem se concretizando em lavouras do Sul do país,
mas, segundo ele, ainda existe uma boa garantia de normalidade
do abastecimento interno, levando em conta os sinais de
crescimento do segmento de criação de aves e de produção de
leite.
Segundo a Conab, a safra de inverno de milho deverá atingir 17,4
milhões de toneladas ou 18,1% mais que as 14,8 milhões de
toneladas da última safra. O bom momento vivido pela cultura no
Brasil – motivado por fatores como clima favorável, forte
demanda por alimentos e preços internacionais elevados – é, no
entanto, substancialmente relacionado à redução de 8% da área
plantada com milho nos Estados Unidos, aumento no consumo e ao
uso do grão para a produção de etanol, segundo estimativas
preliminares do USDA, o Departamento de Agricultura dos Estados
Unidos. “Isto serviu como incentivo para aumento nas cotações
nas bolsas de mercadorias dos Estados Unidos e forneceu suporte
a níveis de preços mais elevados”, considera João Carlos.
A manutenção dos estoques finais, todavia, é uma das exigências
de fortes segmentos consumidores, como a avicultura e a
suinocultura, para evitar riscos já vividos em safras passadas e
que têm grande influência sobre a cultura, como fatores
climáticos e conseqüentes atrasos no plantio e na colheita.
Segundo a Conab, o consumo interno de milho em 2008 aumentará
mais de 8% em relação a 2007, chegando aos 44 milhões de
toneladas. Sobre cenários futuros, a Conab se diz otimista,
motivada pela demanda em crescimento imposta pela China e ao
mesmo ritmo apresentado pelos Estados Unidos na produção de
etanol.
Diretamente responsável pela produção recorde, a pesquisa deverá
receber incentivos do PAC (Programa de Aceleração do
Crescimento) da Embrapa, já elaborado e que depende de aprovação
da Presidência da República. A expectativa é que haja mais
investimentos para projetos de pesquisa que permitam incrementos
na produtividade da cultura. A previsão de lançamento do PAC da
Embrapa é durante a solenidade de aniversário da Empresa no
final de abril em Brasília-DF. |
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