Brasília, Brazil
September 26, 2007
Kelly Oliveira,
Agência Brasil
A participação da soja na produção do biocombustível deve
decrescer nos próximos anos. A previsão é do presidente do
Conselho de Administração da União Brasileira do Biodiesel
(Ubrabio), Juan Diego Ferrés. Segundo estimativa da Ubrabio,
atualmente 80% do biodiesel é produzido a partir da soja, 10% da
gordura animal, 5% do algodão e 5% de outras matérias-primas,
como mamona (entre 2% e 3%), por exemplo.
Ferrés afirmou que quando o Programa Nacional de Produção e Uso
de Biodiesel (PNPB) foi criado, em dezembro de 2004, a
participação da soja era marcante porque era um cultivo mais
resistente aos ciclos de preços altos e baixos. “Porque a soja
tem 80% de farelo que é a proteína que também agrega valor à
produção. Porque quando o óleo cai de preço a soja não sofre
tanto como amendoim, o girassol.” O farelo da soja é muito
utilizado na alimentação animal.
“Quando o governo brasileiro deixou de manter uma políticas de
preços mínimos, houve uma concentração na produção da soja e do
milho, porque são as culturas que menos dependem de preço de
teor de óleo”. Na opinião de Ferrés, o PNPB reverte essa lógica
e cria um patamar de preços para as matérias-primas com teores
de óleo mais elevados, como girassol, amendoim e mamona.
Segundo Ferrés, antes da mamona ser incluída no PNPB, as
oscilações dos preços traziam prejuízos aos produtores. “Hoje a
mamona é vinculada ao programa, o que garante um preço mínimo. E
pelas aplicações mais nobres [como produção de lubrificantes,
por exemplo], às vezes é valorizada mais que o dobro do que de
outros setores”.
Ferrés espera ainda que o biodiesel torne-se cada vez mais
competitivo no mercado. Ele defendeu que seja ampliada o
porcentagem de adição de biodiesel de 2% ao diesel,
obrigatoriamente a partir de janeiro de 2008, para 4%. Hoje,
está prevista reunião com representantes dos produtores de
biodiesel com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para
discutir sobre o mercado de biocombustíveis.
A segunda reunião do governo federal com as empresas de
biodiesel que detêm o Selo Combustível Social foi realizada hoje
(26), em Brasília. Segundo o Ministério do Desenvolvimento
Agrário (MDA), o objetivo do encontro foi apresentar e debater
os resultados alcançados e os desafios a serem enfrentados para
a inserção da agricultura familiar na cadeia produtiva do
biodiesel.
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