Brazil
November 27, 2007
A Embrapa Milho e Sorgo
(Sete Lagoas-MG) irá estruturar um programa de transferência de
tecnologias para minimizar a alta incidência de pragas e doenças
em lavouras de milho, principalmente, e sorgo do município de
Guaíra, localizado no Norte do estado de São Paulo.
A região, de baixa altitude – são 490 metros – sofre com o
ataque da lagarta-do-cartucho na cultura do milho e a broca da
cana-de-açúcar, a Diatraea saccharalis, já vem se tornando
ameaça para as lavouras.
“Faço praticamente uma aplicação de inseticida por semana para
controlar a lagarta-do-cartucho”, comenta Gustavo Santana,
engenheiro agrônomo e produtor rural. Com uma produtividade
estimada em 140 sacas / hectare para a próxima safra, o produtor
diz que a lagarta “talvez seja o maior gargalo para a cultura do
milho na região”. Somado à incidência de outras pragas e doenças
ocasionadas principalmente pela baixa altitude, a maioria dos
produtores tem apostado no controle químico. “Pelo sim, pelo
não, não se pode economizar com fungicidas e inseticidas”, diz
Santana.
Uso de cultivares tolerantes
O perfil empresarial dos produtores rurais – em parte alavancado
pela expansão da cana-de-açúcar; hoje, no município, são 24 mil
hectares ocupados pela cultura – mostra uma realidade em que
tecnologias como o manejo integrado de pragas e doenças e o uso
de cultivares tolerantes podem ser alternativas para uma
produção agropecuária mais sustentável.
“Existem materiais tolerantes que não exigem aplicações
sucessivas de fungicidas, assim como manejo integrado de pragas
pode reduzir o número de aplicações de inseticidas para o
controle da lagarta”, comenta José Carlos Cruz, pesquisador da
Embrapa Milho e Sorgo.
Para a próxima safra o investimento em insumos está sendo
compensado pela alta no preço do milho, cotado a até R$ 30 a
saca. A facilidade de escoamento da produção também é um
atrativo para os produtores e a maioria tem apostado na
exploração estratégica de diversas culturas.
“Planto milho com intervalos de três semanas e consigo atender
também à demanda por milho verde. Uso sorgo para suplementação
do gado e para confinamento. A cana-de-açúcar vive um bom
momento, mas devemos explorá-la estrategicamente para não
ocuparmos um pivô, por exemplo, até a renovação do canavial e
deixarmos de ganhar com a valorização temporária de outras
culturas”, afirma Fernando Oliveira da Silva, produtor rural e
engenheiro agrônomo.
Referência em agricultura irrigada
Guaíra, no Norte de São Paulo, ainda é referência em agricultura
irrigada. Reuniu, na década de 1980, o maior número de pivôs da
América Latina. Com
uma agricultura altamente tecnificada, o plantio direto é
praticado, segundo José Eduardo Lelis, presidente do Sindicato
Rural, em mais de 95% da área ocupada por lavouras no município.
A safrinha também é consolidada entre os produtores rurais, que
a praticam em áreas de sequeiro inclusive
com a cultura do sorgo. A discussão desses temas e uma tentativa
de maior aproximação entre o Sindicato Rural, a Faesp (Federação
da Agricultura do
Estado de São Paulo), o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem
Rural) e a Embrapa Milho e Sorgo foram tratados no último
sábado( 24) por pesquisadores, representantes das entidades,
produtores rurais e o secretário municipal de Agricultura, José
Carlos Junqueira. Guaíra foi visitada por pesquisadores que
participarão até a próxima quarta-feira, 26, do IX Seminário
Nacional de Milho Safrinha, que acontece em Dourados-MS.
Seminário
O IX Seminário Nacional de Milho Safrinha é uma promoção da
Associação Brasileira de Milho e Sorgo (ABMS), com realização da
Embrapa Agropecuária Oeste, unidade da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento e tem a parceria da
Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Associação de
Engenheiros Agrônomos da Grande Dourados (AEAGRAN), Grupo
Plantio na Palha (GPP), Sindicato Rural da cidade e Embrapa
Milho e Sorgo, com apoio de diversas empresas de sementes e
outras instituições. |
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