Brazil
June 28, 2007
Source:
EMBRAPA
A agressividade da ferrugem asiática – 2980 focos registrados em
todo o Brasil - provocou perdas de 2,67 milhões de toneladas de
grãos, o que representa aproximadamente 4,5% da safra de soja
2006/07 ou um prejuízo de U$ 2,19 bilhões. O detalhamento da
ocorrência da doença em cada estado produtor da oleaginosa foi
apresentado pelos representantes do Consórcio Antiferrugem,
durante o Simpósio Brasileiro de Ferrugem Asiática da Soja,
realizado esta semana em Londrina (PR).
No Mato Grosso, maior produtor de soja com 15,2 milhões
toneladas, o ano agrícola 2006/07 foi de consolidação do vazio
sanitário (período de 90 dias no qual não é permitido plantar
soja, conforme determinação do Ministério da Agricultura). Após
a aplicação do vazio sanitário, em vez dos 6 mil hectares
plantados em safras anteriores, na última foram 250 hectares.
Fabiano Siqueri, da Fundação MT, diz que o vazio sanitário
reduziu a presença do fungo causador da ferrugem, tanto que
retardou o aparecimento da doença na safra. Com isso, o número
de aplicações médias de fungicidas para controle da doença
também caiu de 2,5 para 2,4 por hectare. Por outro lado, a
produtividade média cresceu de 2.820 quilos por hectare para
2990 quilos por hectare.
Além do vazio sanitário, também colaboraram para o manejo da
doença, a concentração do plantio mais cedo (90% até 15/11) e as
condições climáticas. “A seca ocorrida em novembro foi favorável
aos produtores que plantaram mais cedo a soja, mas também
prejudicou um pouco os outros plantios”, avalia Siqueri.
No Paraná, a ferrugem asiática foi mais agressiva na safra
2006/07, desde a detecção da doença. O número de ocorrências
registrado foi de 660 focos da doença no Sistema de Alerta. As
perdas estimadas foram de 705 mil toneladas ou 6% da produção.
Segundo a pesquisadora Cláudia Godoy, da Embrapa Soja
(Londrina-PR), as chuvas excessivas, devido ao fenômeno El Nino,
foram as maiores responsáveis pela disseminação da doença.
“Mesmo com a agressividade da ferrugem, as perdas foram
localizadas, porque os produtores souberam muito bem manejar a
doença. O número médio de aplicações para controle da doença foi
de 2 por hectare”, explicou a pesquisadora Cláudia Godoy.
O vazio sanitário deve ser implantando na próxima safra, no
Paraná. No entanto, o maior desafio do Estado, na entressafra,
será o controle da soja voluntária ou tigüera – que brota dos
grãos caídos em beira de estrada ou que ficam na lavoura. “O
vazio proíbe o cultivo de soja, mas enfrentamos ainda a
dificuldade de acabar com as plantas que brotam naturalmente de
grãos perdidos”, argumenta.
O Rio Grande do Sul também foi afetado pelo El Nino, mas a
primeira ocorrência da ferrugem em lavoura comercial foi em
janeiro. O número médio de aplicações para controle da doença
foi de 1,8/ha. ”Apesar das chuvas favorecerem a ferrugem, também
foram importantes para o desenvolvimento da safra, tanto que
tivemos a maior safra dos últimos tempos”, afirma a pesquisadora
Leila Costamilan, da Embrapa Trigo (Passo Fundo-RS). Foram
produzidos 9,1milhões/ton”, comemora.
Em São Paulo, houve chuva frequente durante o cultivo da soja e
estiagem em fevereiro. A primeira ocorrência da doença foi em
novembro, o que resultou em média de 1,8 aplicação/ha para
controle da ferrugem: “ a evolução da doença foi mais lenta e
tardia que a da safra anterior”, avalia a pesquisadora Silvânia
Furlan, do Instituto Biológico.
Em Minas Gerais, a primeira ocorrência da doença foi em novembro
e a evolução da doença também foi mais lenta, em relação aos
anos anteriores. Houve perda de produtividade e o custo para
controlar quatro aplicações da doença foi de R$414/ha. “Mesmo
assim, podemos afirmar que, com relação ao manejo da doença, os
produtores fizeram o controle satisfatório e de forma
preventiva”, afirmou a pesquisadora Dulândula Wruck, da Empresa
de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).
De acordo com o pesquisador José Nunes, do Programa Goiás Soja
Protegida, as chuvas foram bem distribuídas no estado e
favoreceram tanto a cultura da soja quanto o progresso da
ferrugem. O primeiro aparecimento da doença foi na segunda
quinzena de novembro, o que resultou em média ponderada de
2,7/ha aplicações para controle da doença. O vazio sanitário foi
realizado entre 01 de julho e 30 de setembro.
No Mato Grosso do Sul, as chuvas foram bem distribuídas e em
maior quantidade em novembro e janeiro. As primeiras ocorrências
da doença foram em novembro. Segundo o pesquisador Paulino Melo
Andrade, da Embrapa Soja, o número médio de aplicações de
fungicidas para o controle da doença foi de 2,5/ha. “O que
fazemos questão de enfatizar é que o critério para aplicação de
produto deve continuar a ser o monitoramento”, destaca.
No Maranhão, o início das chuvas foi mais cedo (na segunda
quinzena de outubro), a distribuição irregular de chuvas na
safra e as temperaturas noturnas foram mais baixas que em anos
anteriores favorecendo a ferrugem. As primeiras ocorrências da
doença foram em janeiro, mas houve rápida evolução em fevereiro,
o que levou a necessidade de 1,5 aplicação/ha para controle da
doença. “A ferrugem provocou perda média de 9% da produção
esperada”, avaliou o pesquisador Maurício Meyer, da Embrapa
Soja.
Lebna Landgraf |
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