Brazil
June 18, 2007
Quando
a Embrapa Algodão lançou, em 2000, a primeira variedade de
algodão colorido (BRS 200 marrom), uma das grande promessas era
a viabilização de uma cadeia produtiva diferenciada, cujo fator
de agregação de valor principal era exatamente o apelo ambiental
da nova tecnologia. Passados sete anos, o agronegócio nordestino
recebe a notícia sobre a primeira colheita da primeira safra
comercial de algodão colorido orgânico do País.
Numa área plantada de 5,5 hectares com a variedade BRS Rubi e 8
hectares com a BRS Verde na Fazenda Santo Antônio, o produtor
Felipe Motta Benevides Gadelha preparase para realizar a
colheita em parceria com a Embrapa Algodão (Campina Grande-PB),
Unidade da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a Cooperativa de Produção
Têxtil e Afins do Algodão do Estado da Paraíba (CoopNatural) e a
Associação de Certificação Instituto Biodinâmico (IBD). O
plantio está localizado no município de Bom Sucesso, no sertão
da Paraíba.
Pela estimativa do produtor e dos técnicos que apóiam a
iniciativa, a produtividade média deve alcançar 1.800
quilos/hectare, produtividade satisfatória para uma produção sem
qualquer uso de defensivos (pesticidas) e adubos químicos.
O pesquisador Luiz Paulo de Carvalho, da Embrapa Algodão, afirma
que o mercado pode oferecer entre 30% a 40% a mais pelo algodão
colorido, que tem um mercado limitado e poucas indústrias
têxteis trabalhando com o produto. Por ser também orgânico, o
algodão colorido paraibano pode ampliar a margem de lucro do
produtor pioneiro.
Com a cadeia produtiva já previamente articulada, a CoopNatural,
da empreendedora paraibana Maysa Gadelha (mãe de Felipe), se
compromete a adquirir 100% desta primeira safra. Ela conta que
foram plantadas cerca de 100 mil mudas/hectare. Extensão do
consórcio Natural Fashion, que há anos explora a confecção de
produtos de algodões coloridos em Campina Grande (PB), a
CoopNatural, hoje com 35 cooperados, foi criada com o intuito de
unir empresas têxteis e de confecções de Campina Grande.
Mario Lemos Medeiros, cotonicultor da região de Patos, também no
sertão da Paraíba, diz que a atividade é promissora, pois atende
à demanda por se tratar de “produtos limpos”. Produzindo algodão
colorido convencional há alguns anos, Medeiros, que é presidente
da Cooperativa Agrícola Mista de Patos (Campal), deve ser o
próximo produtor de médio porte a aderir ao cultivo orgânico na
região. A Campal reúne cerca de 100 produtores de algodão
colorido que cultivam de maneira convencional, com uso de
defensivos e adubação química. Eles plantam cerca de 400
hectares com as variedades Rubi, Safira e Verde, todas
desenvolvidas pela Embrapa Algodão.
Marco Antonio Baldoni, gerente de projetos do IBD, diz que a
certificação do algodão colorido orgânico da Paraíba segue o
padrão da International Federation of Organic Agriculture
Movements (Ifoam) e atende à legislação de produtos orgânicos da
Comunidade Européia e dos Estados Unidos. Na Paraíba, o IBD
acompanha toda a cadeia produtiva. O próximo passo deverá ser a
obtenção da certificação Ecosocial IBD, que certifica
especificamente a produção ambiental, social e comercial do
empreendimento. Isso significa dizer que o algodão orgânico
plantado pelos paraibanos não ataca o ambiente e promove
eqüidade social e econômica entre os agricultores envolvidos.
Photo credit:
Embrapa |
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