Brazil
June 12, 2007
Há dois anos, pesquisadores da
Embrapa Soja (Londrina-PR), Unidade da
Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, estão utilizando técnicas
de metodologia molecular (uso do DNA) para gerar um Estudo sobre
a Diversidade Genética de Patógenos causadores de doenças da
soja, com enfoque em fungos e vírus. O estudo, que fica pronto
até o final deste ano, será ferramenta importante para agilizar
o desenvolvimento de cultivares de soja resistentes a doenças.
“A partir deste estudo, poderemos informar com bastante precisão
à equipe de melhoramento genético que variantes do fungo devem
fazer parte dos testes para seleção de novas variedades em cada
região do País”, explica o pesquisador da Embrapa Soja Álvaro
Almeida.
Segundo ele, as variedades resistentes a determinado fungo são
continuamente desafiadas por variantes do mesmo fungo e com
diferente constituição genética. “O fungo sofre mutação e cria
essas novas variantes para sobreviver”, diz o pesquisador.
O Estudo sobre Diversidade Genética de Patógenos pretende
conferir mais precisão e agilidade na identificação dessas novas
espécies. “O próximo passo é adquirir um equipamento que vai
ampliar o grau de segurança na caracterização da diversidade
genética do fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da ferrugem
asiática da soja, já que temos amostras do fungo de diferentes
regiões do Brasil”, conta Almeida.
A informação detalhada sobre microorganismos causadores de
doenças tem suporte numa das mais completas coleções de fungos e
vírus, armazenadas ao longo dos últimos 10 anos. A Embrapa Soja
mantém uma micoteca com cerca de 800 dos principais fungos
causadores de doenças da soja.
Em uma câmara fria, com temperatura variando entre 9 e 12 graus,
ficam armazenadas os fungos do complexo Phomopsis/Diaporthe
(causador da seca da haste e da vagem e cancro), de
Colletotrichum truncatum (causador da antracnose), Corynespora
cassiicola (causador da mancha alvo), Myrothecium roridum
(causador mancha foliar de mirotério), Fusarium solani (causador
da podridão vermelha da raiz) e Macrophomina phaseolina
(causador da podridão de carvão).
Além da micoteca, a Embrapa Soja reúne uma coleção com as
principais espécies de vírus causadores de doenças da soja. São
elas: queima do broto, mosaico comum, necrose da haste, mosaico
rugoso do feijão e mosaico da alfafa.
Metodologia molecular - Métodos de biologia molecular e celular
utilizados nos laboratórios da Embrapa Soja já estão permitindo
a detecção de doenças em plantas de soja e também facilitando a
sua diagnose e o entendimento dos mecanismos de infecção e
resistência. “Isso melhora a decisão por medidas terapêuticas”,
afirma Almeida.
Na última safra de soja, a identificação de uma nova variante do
fungo causador do cancro da haste só foi possível com a
utilização de métodos moleculares como o de seqüenciamento de
DNA, por exemplo. “Apenas avaliações morfológicas dificilmente
teriam conseguido identificar a ocorrência da espécie Diaporthe
phaseolorum var. caulivora, que é diferente da espécie de cancro
identificada no Brasil, em 1989”, define Almeida.
Segundo o pesquisador, é comum durante a safra de soja que os
agricultores levem amostras de plantas doentes à Embrapa Soja. O
diagnóstico é feito pela análise do tipo da lesão ou dos
sintomas apresentados pela planta (murcha, raízes escurecidas,
haste necrosada, entre outras). “Mas muitas vezes, o diagnóstico
é impossível de ser feito, sem que se recorra a uma análise
detalhada do microrganismo envolvido”.
Para isso são feitas análises microscópicas e outras análises
que envolvem o uso de anti-soros – no caso de vírus. “Além
disso, isolamos o microrganismo causador do problema e repetimos
o sintoma em plantas sadias, comprovando que aquele organismo
isolado é realmente o causador do problema”, detalha. |
|