Brazil
January 17, 2007
Observações sobre a evolução da ferrugem asiática da soja nas
últimas safras mostram uma alta relação da severidade da doença
com os períodos de chuva a que as lavouras são expostas durante
a safra. Segundo Emerson Del Ponte, professor da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul e autor de vários trabalhos sobre
previsão de ferrugem asiática, existem evidências científicas de
que a chuva é o principal fator de desenvolvimento das
epidemias, além de ter também influência na dispersão regional
da doença.
“O histórico da ferrugem tem nos mostrado que, de maneira geral,
o maior número de detecções em uma região tem se concentrado em
locais onde houve maior abundância de chuvas por um período
relativamente longo após o florescimento”, explica Del Ponte. O
professor destaca também que o molhamento por orvalho, comum em
regiões de maior altitude, é suficiente para a doença se
estabelecer na lavoura, mas ela tende a não ser tão agressiva
sob condições de baixa precipitação ou pequenas estiagens.
Segundo a pesquisadora Cláudia Godoy, da
Embrapa Soja, a boa
distribuição de chuvas em várias regiões brasileiras deixa mais
vulneráveis os plantios e as variedades tardias, que ainda se
encontram em florescimento ou enchimento de grãos. “Além dessas
lavouras estarem sujeitas a uma maior quantidade de inóculo,
proveniente dos primeiros plantios, estão sobre influência de
uma condição climática altamente favorável para o
desenvolvimento da doença”, explica.
Nesta safra, a interferência do clima na evolução da ferrugem
pode ser observada no oeste do Paraná. As primeiras lavouras
conseguiram colher com apenas uma aplicação de fungicida, em
muitos casos, feita também para controlar as Doenças de Final de
Ciclo (DFC). "Com o início da chuva, no mês de dezembro, os
números de focos aumentaram significativamente, principalmente
entre as lavouras a partir do florescimento", observa Cláudia.
A pesquisadora lembra que a ferrugem pode ser muito agressiva e
o atraso na aplicação de fungicidas pode dificultar seu
controle. Segundo a pesquisadora, a boa distribuição de chuvas e
as altas temperaturas registradas também devem favorecer a
ocorrência das doenças de final de ciclo. |