Brazil
August 22, 2007
A cadeia produtiva do tomate para
processamento com selo de qualidade. Esse é o objetivo de um
projeto coordenado pela Embrapa
Hortaliças (Brasília-DF), que pretende implantar um sistema de
Produção Integrada para Tomate Indústria (PITI) no estado de
Goiás, responsável por cerca de 80% da produção nacional.
O projeto de certificação de tomate industrial conta com a
participação das indústrias de processamento, das universidades
Federal de Goiás e de Brasília, de instituições como a
AGÊNCIARURAL e a AGRODEFESA, além do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA), das secretarias de agricultura
de Goiás e de Minas Gerais, de produtores e de consumidores.
O sistema PITI tem como metas viabilizar a organização da cadeia
produtiva de tomate para processamento e, em conseqüência,
permitir que se obtenha uma produção final diferenciada, de
maior qualidade e valor agregado, apta a preencher um nicho no
mercado nacional e também em mercados internacionais, em que a
rastreabilidade do produto é um requerimento para a
comercialização. A certificação vai incluir tecnologias nas
áreas de fitopatologia, entomologia, plantas daninhas,
melhoramento genético, nutrição, solos, irrigação e
pós-colheita.
Em 2007, as normas para a Produção Integrada de Tomate Indústria
(PITI) começaram a ser testadas em cinco unidades-pilotos. No
total, são mais de 156 hectares nas regiões de Itaberaí,
Leopoldo Bulhões, Goianésia e Morrinhos, em quatro propriedades
que fornecem matéria-prima para três empresas de processamento.
Para obter o certificado de produção integrada, as propriedades
têm que cumprir uma série de obrigações legais e técnicas,
visando a preservação dos recursos naturais e a garantia de
qualidade dos produtos.
De acordo com a pesquisadora Geni Livtin Villas Bôas,
coordenadora do projeto, o objetivo das unidades-pilotos é
validar as normas da Produção Integrada definidas pelo comitê
gestor do projeto, formado por pesquisadores, técnicos e
representantes da indústria e dos produtores. Além das normas,
também serão validados os cadernos de campo, uma planilha na
qual o produtor deve anotar todos os dados gerados durante o
ciclo da cultura, como adubação, irrigação, aparecimento de
doenças ou pragas e aplicação de agrotóxicos.
Segundo a pesquisadora Alice Quezado Duval, que também participa
do projeto, um grupo de pesquisadores da Embrapa Hortaliças está
realizando visitas periódicas de acompanhamento para detectar e
corrigir possíveis problemas na aplicação da norma e também
receber sugestões dos produtores e técnicos que participam do
projeto. Geni Villlas Boas explica que é necessário adequar as
normas e torná-las factíveis, uma vez que elas terão força de
lei depois de sua publicação.
Para a pesquisadora, as anotações no caderno estão entre as
principais dificuldades encontradas pelos produtores
selecionados pelas empresas para participar da validação das
normas. Ela também cita como gargalos o manejo de pragas e
doenças e o uso adequado de agrotóxicos.
A colheita da primeira unidade-piloto, em Itaberaí, ocorreu no
início de agosto. Ela e as outras áreas passarão por uma
pré-auditoria externa, nos moldes das auditorias realizadas para
obtenção do selo de Produção Integrada. Em 2008, a idéia da
equipe do PITI é ampliar o número de produtores nessa fase de
testes e publicar a norma.
Produção integrada começou na Europa - A Produção Integrada
objetiva a produção de alimentos de alta qualidade, com a
utilização de técnicas que consideram os impactos ambientais
sobre o solo, a água e a produção. Esse conceito surgiu na
Europa, nos anos 70, como uma resposta à necessidade de reduzir
o uso de agrotóxicos na produção de frutas e maior atenção e
respeito ao meio ambiente. No Brasil, a Produção Integrada de
Maçãs foi a pioneira, a partir de 1996, liderada pela Embrapa
Uva e Vinhos (Bento Gonçalves-RS). Hoje existem normas técnicas
para a Produção Integrada de Frutas (PIF) como de maçã, pêssego,
manga, mamão, melão, caju e uva. Entretanto, no País ainda não
existe nenhum sistema na cadeia de hortaliças.
O primeiro passo para a implementação do PITI de tomate para
processamento industrial já foi dado. Em 2003, a Embrapa
Hortaliças, em parceria com produtores e representantes da
indústria, colaborou com o Ministério da Agricultura no
desenvolvimento de um conjunto de normas de manejo para evitar o
aparecimento de doenças causadas por vetores como a mosca
branca. Na primeira safra após a adoção das técnicas, produtores
comemoram o aumento da produção, que ainda contou com a auxilio
da chuva e das baixas temperaturas. |
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