August 10, 2007
Mais uma parceria de sucesso
entre os setores público e privado vai beneficiar os produtores
de soja no país
A Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária - Embrapa e a
BASF assinaram, no dia 7 de agosto, acordo de cooperação que
vai colocar à disposição dos produtores de soja um pacote
tecnológico totalmente desenvolvido no Brasil. Essa parceria vai
resultar em variedades de soja geneticamente modificadas com
tolerância a herbicidas da classe das imidazolinonas adaptadas
às diferentes regiões brasileiras.
A pesquisa começou com a transformação genética de plantas de
soja pela equipe da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia,
coordenada pelo pesquisador Elíbio Rech. Na fase seguinte, as
plantas transformadas foram testadas em casa de vegetação e no
campo por outra unidade da Embrapa, a Embrapa Soja, localizada
em Londrina, PR. “Depois de todas essas etapas, que levaram
cerca de oito anos, chegamos à planta ideal”, afirmou o Gerente
de Biotecnologia da BASF, Luiz Louzano.
Com a assinatura do acordo, as duas instituições passarão à fase
regulatória. Nessa etapa, será efetuada a avaliação da segurança
das plantas de soja geneticamente modificadas, baseada em quatro
pilares: caracterização molecular das plantas transformadas para
ter certeza de que contêm apenas o gene de tolerância desejado;
segurança da proteína; segurança alimentar em parceria com o
Instituto de Tecnologia de Alimentos de Campinas; e, por fim, a
avaliação agronômica para testar a segurança ambiental. “A
ciência precisa ser impecável no atendimento aos padrões de
biossegurança de todos os países”, ressaltou Louzano, lembrando
que as plantas tolerantes serão comercializadas no Brasil e em
aproximadamente 20 países produtores de soja.
Sementes deverão estar no mercado na safra 2011/2012
O Gerente de Biotecnologia prevê que todos esses estudos da fase
de avaliação terminem até o final deste ano e que em 2008 o
pedido de regulamentação seja encaminhado à Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança (CTNBio). As sementes deverão estar
disponíveis para os produtores na safra de 2011/2012, acredita
Louzano.
Segundo o Gerente-Geral da Embrapa Transferência de Tecnologia,
José Roberto Rodrigues Peres, o processo de aprovação da soja
transgênica pela Comissão não deverá levar muito tempo, visto
que já houve liberação de variedades de soja transgênica antes
no Brasil e, além disso, é uma cultura que não tem parentes
silvestres no Brasil.
Peres e Louzano explicam que as variedades resultantes dessa
parceria representam uma nova alternativa de tolerância a uma
classe diferente de herbicidas para os produtores, já que não é
bom ficarem restritos a uma só tecnologia. Até o momento apenas
a soja transgênica tolerante ao herbicida RounupReady (RR) foi
aprovada para comercialização no Brasil. Além disso, a rotação
de sistemas é sempre benéfica para as lavouras.
Por enquanto ainda é cedo para estimar ganhos reais, pois os
estudos ainda estão em fase inicial, mas o Gerente de
Biotecnologia da BASF garante que a soja geneticamente
modificada apresenta potencial para ocupar de 15 a 20% do
mercado no Brasil. “Não ofereceríamos ao mercado uma tecnologia
economicamente inviável”, ressaltou Louzano.
O fato de a Embrapa possuir unidades de pesquisa em todas as
regiões brasileiras vai facilitar o desenvolvimento de
variedades com características adaptadas às diferentes
condições. “A cada ano, serão desenvolvidas novas cultivares”,
afirmou o pesquisador da Embrapa Soja, Carlos Arrabal.
Além da soja transgênica, a Embrapa já está em fase adiantada de
pesquisas com feijão geneticamente modificado para resistência
ao mosaico dourado, pior ameaça a essa cultura no país; algodão
com gene de resistência ao bicudo do algodoeiro e outros
insetos, milho e cana-de-açúcar. |
|