Brazil
April 27, 2007
Novas e tradicionais doenças e
insetos que causam problemas à soja, dessecação sem necessidade
na pré-colheita do grão, florescimento precoce da soja, morte
prematura de plântulas, entre outros temas foram abordados no
Seminário Técnico da Soja: principais problemas e desafios da
safra 2006/07, que foi promovido ontem, dia 26, pela Embrapa
Soja (Londrina-PR), unidade da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa),
vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento.
Durante o evento, a Embrapa Soja alertou para a ocorrência de
quebra de plantas da soja ou tombamento, ocorridas em algumas
lavouras no Paraná. Ainda não se tem uma explicação definitiva
para a causa do problema, mas foram realizados vários
levantamentos buscando caracterizar fatores relacionados ao
aparecimento do problema. O resultado das pesquisas que foram
feitas até o momento estão presentes na publicação “Quebra de
planta de soja no estado do Paraná”, lançada recentemente pela
Embrapa Soja.
Nesta safra, foi confirmada a ocorrência de uma nova doença de
soja no RS: um novo cancro da haste, causado pelo fungo
Diaporthe phaseolorum var. caulivora. Ainda não há levantamento
dos danos econômicos. Mesmo assim, a doença preocupa, porque as
plantas morrem precocemente, o que afeta a produtividade. A
Embrapa Trigo, que identificou o problema, elaborou um documento
disponível no site www.cnpt.embrapa.br. “O novo cancro já está
mobilizando a pesquisa, no sentido de gerar material genético
resistente”, explica o pesquisador Álvaro Almeida.
Também foram observadas maior ocorrência de doenças como necrose
da haste, cujo vírus é transmitido pela mosca branca, além de
podridão branca da haste, podridão vermelha da raiz, podridão de
carvão, podridrão radicular e a ferrugem da soja.
De acordo com o pesquisador Ademir Henning, houve alta
severidade da ferrugem da soja em alguns estados (MA, PI, RS e
BA), no entanto, o vazio sanitário implantado no MT e em GO
conseguiu evitar uma explosão da doença. Diante disso, SP, MA,
MS acabam de regulamentar o vazio sanitário para controlar
melhor o fungo durante a entressafra.
Outro problema desta safra foi a maturação precoce da soja e
conseqüente morte prematura de plantas. O problema ocorrido no
oeste do Paraná pode estar associado à podridão de carvão,
causada pelo fungo Macrophomina phaseolina. A doença não é
controlada por fungicidas e as medidas de controle devem ser
adotadas antes da instalação da lavoura, “com adequado preparo
do solo e fertilização, manutenção de cobertura com restos de
cultura, utilização de adequado sistema de rotação”, diz
Henning.
Também houve maior ocorrência, no Paraná e Mato Grosso do Sul,
de uma lesão de causa ainda desconhecida. Apesar de não causar
danos econômicos à soja, os sintomas da lesão são similares aos
de algumas doenças da soja, o que levou a aplicações
desnecessárias de fungicidas.
Insetos – Além de doenças, percebeu-se maior dificuldade no
controle do percevejo e da lagarta da soja, principais pragas da
soja. A utilização de inseticidas não seletivos (que controlam a
praga sem prejudicar os inimigos naturais), ao primeiro sinal de
aparecimento de insetos-pragas acaba causando desequilíbrio
ecológico e, conseqüentemente, provoca a explosão de pragas. Em
alguns casos, já são relatados resistência de percevejos à
inseticidas.
O pesquisador Daniel Soza Gómez também observou a ocorrência de
pragas secundárias e de difícil controle como, mosca branca,
ácaro rajado, ácaro branco, ácaro vermelho e lagarta falsa
medideira. “Assim, o monitoramento da lavoura, a identificação
das pragas e do estádio de desenvolvimento da planta são
estratégias importantes para definir a melhor forma de controle
das pragas”, explica o pesquisador.
Outros problemas - Entre os problemas da safra, destaca-se ainda
o florescimento precoce de lavouras de soja em várias regiões do
Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul e
Paraguai, que causou perdas de produtividade. O problema
caracteriza-se pelo aparecimento de plantas florescidas com
pouca idade e pequena estatura. A variação térmica brusca -
diferença entre a temperatura mínima e máxima num mesmo dia –
induziu o florescimento e desregulou o mecanismo de
florescimento, principalmente entre algumas cultivares que se
mostraram mais sensíveis ao problema. “Além disso, o mau manejo
do solo e desequilíbrios nutricionais podem ter contribuído para
o agravamento do quadro”, explica o pesquisador Antonio Eduardo
Pípolo.
De acordo com os pesquisadores da Embrapa, dessecar a soja na
pré-colheita não deve ser encarada como uma prática de rotina.
“Indicamos a prática de dessecação apenas em situações extremas:
para controlar o excesso de plantas daninhas – que interferem na
colheita - e também para uniformizar as plantas de soja com
maturação desigual (causada por ataque de percevejo, ou outros
fatores que possam ocasionar desequilíbrio na maturação)”,
explica o pesquisador Dionísio Gazziero, da Embrapa Soja.
A dessecação da soja na pré-colheita é aceitável para produção
de grãos e não é recomendada para campos de produção de semente
convencional com a utilização do glifosato. “Essa prática,
quando se utiliza o glifosato, acarreta em redução da qualidade
da semente, porque reduz seu vigor”, explica o pesquisador José
de Barros França Neto. |
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