A Embrapa Milho e Sorgo (Sete
Lagoas-MG) possui tecnologia sobre a multiplicação e o uso de 17
espécies que controlam diferentes pragas na cultura do milho,
sobretudo a lagarta-do-cartucho, a que mais traz prejuízos ao
produtor rural brasileiro. Os trabalhos envolvem parasitóides
que agem especificamente sobre os causadores de pragas como as
lagartas do cartucho e da espiga e o pulgão do milho. Os
chamados inimigos naturais praticam o controle biológico e são
uma alternativa ao uso, às vezes indiscriminado e exagerado, de
agrotóxicos nas lavouras brasileiras de milho.
O Laboratório de Criação de
Insetos (Lacri) trabalha no monitoramento da ocorrência de
pragas nas diferentes regiões do país. Identificados os
potenciais inimigos naturais, eles são criados e reproduzidos em
condições de laboratório para, depois, serem testados no campo.
Os que obtêm sucesso, como os já conhecidos Trichogramma e
Telenomus, passam a figurar entre os agentes de controle
biológico, tecnologia que tem forte apelo ambiental e já é usada
em algumas propriedades rurais.
O pesquisador Ivan Cruz, da
Embrapa Milho e Sorgo, unidade da
Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento afirma que é necessário, agora, colocar
essa tecnologia no mercado e à disposição de mais produtores: “o
que precisa é incubar empresas”, sugere. Nesse sentido, ele se
diz favorável à criação de biofábricas regionais, pequenas
empresas que produziriam e comercializariam inimigos naturais em
cidades próximas. Atualmente, existe uma biofábrica em
Uberlândia, no Triângulo Mineiro, que trabalha seguindo as
orientações da Embrapa.
Ivan salienta que ainda faltam
estudos sobre o custo de produção de quase todos os inimigos
naturais. No caso do Trichogramma, esse trabalho já foi feito. O
pesquisador acredita que é possível, em grande parte, substituir
o uso de agrotóxicos utilizando tecnologias como o controle
biológico. “O grande problema é o balanço entre os inimigos e o
uso de agrotóxicos”, explica, se referindo a um equilíbrio que
deve existir no manejo das pragas, que nada mais é do que saber
o quanto de dano causado por ela pode ser tolerado pela lavoura.
Estão sendo elaborados
projetos, tanto na área de pesquisa como em transferência de
tecnologia, para aprimorar e repassar o conhecimento em controle
biológico de pragas em milho. O acompanhamento da evolução das
pragas é importante. A incidência de pulgão nas últimas safras e
o aparecimento de populações resistentes a determinados produtos
químicos, por exemplo, demonstram que é preciso ficar atento ao
que acontece nas lavouras de milho no país.