Brasília, Brazil
September 25, 2006
Projeto em parceria com o
Ministério do Meio Ambiente mapeou espécies silvestres de
algodão em 17 estados brasileiros
Acontece hoje no Edifício Sede da
Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária – Embrapa (Sala Álvaro Barcelos), em Brasília,
DF, das 8h30 às 17h30, o workshop “Distribuição e Conservação de
Algodoeiros Nativos e Naturalizados do Brasil”. O evento,
promovido por duas das 40 unidades da Embrapa – Embrapa Algodão,
em Campina Grande, PB, e Embrapa Recursos Genéticos e
Biotecnologia, em Brasília, DF – tem como objetivo discutir a
situação de algodoeiros brasileiros, com enfoque na distribuição
e no nível de conservação que se encontram no país, além de
propor estratégias para a adequada manutenção dos algodoeiros
nativos e naturalizados, de forma a garantir a diversidade
genética brasileira.
O evento, na verdade, está sendo realizado para apresentar as
conclusões de um projeto desenvolvido pela Embrapa, em parceria
com o PROBIO – Projeto de Conservação e Utilização Sustentável
da Diversidade Biológica Brasileira, do Ministério do Meio
Ambiente, que durou dois anos e teve como objetivo realizar a
prospecção das espécies de algodão silvestres e naturalizadas no
Brasil. Segundo a pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e
Biotecnologia, Ana Ciampi, todos os eventos do PROBIO são
finalizados com a realização de um workshop para apresentar as
conclusões e discutir recomendações para o futuro.
O projeto envolveu equipes de coleta, herbário, controle
biológico e conservação das duas unidades da Embrapa e foi
conduzido em 17 estados de todas as regiões brasileiras (AP, RR,
PA, MT, MS, GO, DF, RJ, SP, BA, CE, PB, RN, PI, MG, MA e PR).
Segundo Ana, o Brasil só possui uma espécie de algodão realmente
nativa do Brasil (Gossypium mustelinum), que é originária do Rio
Grande do Norte. A outra espécie de grande ocorrência no país
(Gossypium barbadense), conhecida vulgarmente como “rim de boi”
ou “quebradinho”, é considerada naturalizada, pois já se
encontra no Brasil há muito tempo e está totalmente adaptada.
Foi essa espécie que deu origem ao algodão colorido desenvolvido
pela Embrapa e que hoje é amplamente utilizado por pequenos
produtores e artesãos da região nordeste.
Segundo a pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e
Biotecnologia, o projeto de prospecção resultou na coleta de
1.500 acessos de algodões nativos e naturalizados das espécies
G. mustelinum, G.barbadense e do algodão mocó, que serão
multiplicados e conservados em suas regiões de origem, o que na
ciência é conhecido como conservação in situ, e em câmaras de
conservação (ex situ).
“A nossa preocupação agora é conservar adequadamente as
variedades nativas e naturalizadas de algodão, pois durante a
realização do projeto todas as variedades identificadas foram
encontradas em fundo de quintal”, afirma Ana. Segundo ela, não
existem mais populações ferais (que crescem espontaneamente) de
algodão nas regiões visitadas, o que pode ser explicado em parte
pelo fato de o algodão necessitar de técnicas apropriadas para o
seu cultivo e também pelos ataques do bicudo do algodoeiro, que
causa grandes prejuízos a essa cultura.
No Rio Grande do Norte e Bahia, foram identificadas três
populações locais de Gossypium mustelinum. Os acessos serão
multiplicados na Embrapa Algodão e depois seguirão para as
câmaras de conservação da Embrapa Recursos Genéticos e
Biotecnologia.
Durante as visitas aos produtores, foram entregues questionários
para conhecer a forma de cultivo das variedades de algodão,
assim como a sua utilização. Segundo Ana, um dos usos mais
freqüentes apontados pelos agricultores foi medicinal, o que foi
uma surpresa para os pesquisadores envolvidos.
A pesquisadora explica que todas as conclusões e resultados do
projeto serão apresentados e discutidos durante o workshop, além
de estratégias de conservação in situ e ex situ. Ela lembra
também que será iniciado um novo projeto para ampliar a
prospecção na região sul, já que o projeto que está sendo
concluído só contemplou parte do Paraná. “Pretendemos explorar
mais o Paraná e os outros estados da região sul, na busca de
novas populações de algodões nativos e naturalizados”, finaliza
Ana. |