A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, uma das 40
unidades da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa,
localizada em Brasília, DF, recebeu ontem a visita de uma
delegação chinesa, composta por oito especialistas em
agricultura daquele país, com o objetivo de conhecer as
pesquisas de algodão desenvolvidas pela Unidade, além de
discutir a ampliação da cooperação entre os dois países, com
foco nessa cultura. A delegação era chefiada pelo
Vice-Diretor do Instituto de Pesquisa de Algodão da
província de Henan, Wang Kun-bo, na cidade de Anyang, que
faz parte da
Chinese Academy of Agricultural Science (CAAS).
A CAAS já mantém um acordo de
cooperação técnica com a Embrapa desde 2004 e, segundo o
Chefe Geral da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia,
José Manuel Cabral, envolve principalmente dois aspectos: a
troca de material genético vegetal, que foi iniciada em 2005
e continua até hoje, e o desenvolvimento de pesquisas na
área de biotecnologia vegetal. O acordo resultou também na
ida de três pesquisadores da Embrapa à China no ano passado,
com o objetivo de estreitar os contatos entre os dois países
e levantar linhas de pesquisa a serem trabalhadas. Dois
desses pesquisadores são da Embrapa Recursos Genéticos e
Biotecnologia, Fátima Grossi e Luciano Nass, e um da Embrapa
Soja, em Londrina, PR, Alexandre Nepomuceno. Cabral explica
que a visita desses pesquisadores, que durou um mês, deixou
claro que o interesse principal da cooperação técnica entre
os dois países, na área da biotecnologia, é o algodão.
Esta definição não é de estranhar, já que a China é hoje o
maior produtor, consumidor e importador mundial de algodão,
com respectivamente 23%, 40% e 43% do mercado global na
safra 2005/2006 (dados do USDA – Departamento de Agricultura
dos Estados Unidos). O país é também o maior exportador de
têxteis e de vestuário do mundo. Já o Brasil, também de
acordo com o USDA, deverá ser o sexto maior exportador
mundial de algodão em pluma na safra 2005/2006, com
tendência a crescer ainda mais nos próximos anos.
O Brasil já foi o maior
produtor mundial de algodão, mas com a introdução do bicudo
do algodoeiro na década de 80, o país teve a produção
devastada e passou de exportador a importador. Hoje, a
situação está mudando e as exportações brasileiras de
algodão estão se expandindo, especialmente em função da
crescente demanda pelo produto na China e em outros países
da Ásia.
Por isso, a parceria entre os
dois países para ampliar as pesquisas de algodão é um
caminho bastante promissor para ambos, na visão de Cabral.
Ele explica que será assinado um acordo de cooperação
técnica entre a Embrapa e a CAAS em breve, em complementação
àquele firmado em 2004. “Dessa vez, o acordo será
específico para a cultura do algodão e prevê o intercâmbio
de material genético, o desenvolvimento de pesquisas de
recursos genéticos e biotecnologia e o treinamento de
especialistas”, afirma Maria Fátima Grossi, pesquisadora da
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, lembrando que já
está confirmada para meados de outubro a vinda de um
pesquisador chinês à Unidade, onde ficará por cerca de seis
meses.
Delegação veio ao Brasil para
participar de evento internacional sobre genoma do algodão
A delegação chinesa que
visitou a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia veio ao
Brasil para participar de um evento internacional sobre
genoma do algodão, realizado no hotel Blue Tree Park, em
Brasília, DF, no período de 18 a 20 de setembro. O evento
foi promovido pelo ICGI – International Cotton Genome
Initiative, em parceria com duas Unidades da Embrapa
(Recursos Genéticos e Biotecnologia e Algodão), Abrapa –
Associação Brasileira de Produtores de Algodão; Facual –
Fundo da Cultura do Algodão e CNPq, entre outras
instituições, e reuniu especialistas de vários países para
discutir aspetos relacionados à área de genômica, como
conservação de material genético, genômica funcional e
estrutural e bioinformática, entre outros.