Brazil
September 11, 2006
Desenvolver pesquisas para a produção comercial do baculovírus,
um inseticida biológico altamente eficiente contra a
lagarta-do-cartucho, a spodoptera frugiperda, principal
praga que ataca as lavouras de milho e responsável por redução
na produtividade de até 34%. Este é o objetivo do projeto que
está sendo desenvolvido pelo pesquisador Fernando Hercos
Valicente, da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG). O estudo
integraa Rede Brasil de Tecnologia, programa do Ministério da
Ciência e Tecnologia (MCT).
Segundo o pesquisador, a Embrapa deve gerar o inseticida em pó
capaz de ser oferecido em escala comercial e possível de ser
utilizado por qualquer agricultor. “Nosso objetivo é oferecer um
produto final que seja eficiente e acessível aos produtores”,
diz Valicente. Para chegar a esse resultado o desafio é
estabelecer uma linha de produção comercial do baculovírus, um
vírus específico que existe na natureza e que age sobre a
lagarta. A Embrapa Milho e Sorgo, Unidade da
Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Mapa), trabalha com este tipo de vírus
há mais de 18 anos.
Para a produção comercial do baculovírus devem-se oferecer
condições propícias para seu desenvolvimento. “O baculovírus é
inoculado em lagartas sadias reunidas em recipientes plásticos
e, dois dias após a infecção, as lagartas são separadas
individualmente, já que elas são canibais”, explica o
pesquisador. Depois da morte das lagartas – o que ocorre em
média cinco dias após a infecção – elas são congeladas,
trituradas e coadas. Após a secagem, o material é moído e são
estabelecidas as doses, em solução adequada.
Segundo Fernando Valicente, o baculovírus apresenta alta
eficiência para o controle da lagarta-do-cartucho, agindo
especificamente somente contra ela e preservando outros insetos
na lavoura. O bioinseticida contamina a lagarta por via oral,
quando ela ingere as folhas da planta, provocando sua morte até
oito dias após a ingestão. “É um dos métodos mais seguros tanto
para o homem quanto para a natureza, já que reduz drasticamente
o uso de inseticidas químicos”, afirma. As próximas etapas da
pesquisa são o desenvolvimento de formulações para o
baculovírus, a definição da estabilidade genética do material e
o estudo de formulações mais promissoras. |