Uma das principais hortaliças
produzidas no Brasil, a batata convive com um quadro de
dependência de cultivares importadas, não adaptadas às
condições do País. Problemas que são sentidos no campo, pelos
produtores, e também pelos consumidores. “A criação de
variedades brasileiras para o mercado brasileiro é fundamental,
é estratégico para o setor. Atualmente, as variedades produzidas
que atendem às exigências de aparência, no caso pele e formato,
não são boas em termos culinários”, explica o diretor da
Associação
Brasileira da Batata (ABBA), Natalino Shimoyama, ao citar os
problemas que ameaçam a competitividade da cadeia produtiva.
Além dos sabor, resistência ao
calor e a doenças; rusticidade e alta produtividade são
características presentes apenas na batata dos sonhos dos
agricultores. Para alcançar pelo menos algumas dessas qualidades
em produto nacional a iniciativa privada e instituições de
pesquisa estão unindo forças.
Entre os dias 18 e 20,
representantes de empresas, associações e produtores, além de
pesquisadores e técnicos da Embrapa, da Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiróz (Esalq), do Instituto Agronômico de
Campinas, da Universidade Federal da Santa Maria (UFSM), da
Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), do
Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e da Empresa de Pesquisa
Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) se
encontraram em Brasília para uma discutir o melhoramento de
batata no País.
A integração entre diversos
setores foi o objetivo da reunião, que vai resultar em um
projeto para reforçar as bases para o desenvolvimento de
cultivares nacionais. Segundo o pesquisador Paulo Eduardo de
Melo, da Embrapa Hortaliças, a iniciativa, batizada de Rede
Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P&D e I) em
Melhoramento de Batata para Condições Tropicais e Sub-Tropicais
do Brasil tem como meta dobrar as possibilidades de obtenção de
cultivares nacionais com características demandadas pela cadeia
produtiva.
O projeto vai contar com a
participação da Embrapa Hortaliças, da Embrapa Clima Temperado,
da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, além dos
Escritórios de Negócios da Embrapa Transferência de Tecnologia
em Campinas e Canoinhas.
De acordo com o chefe-geral da
Embrapa Hortaliças, José
Amauri Buso, a formação de uma rede de informações e o trabalho
conjunto entre diversas instituições e os produtores vai ampliar
os recursos humanos, a infra-estrutura, a área para experimentos
e a base genética ampliando assim a possibilidade de geração de
novos materiais brasileiros de alta qualidade. “Com o encontro
nós conseguimos estabelecer relações com associações de
produtores que antes não existiam e, ao trazer a iniciativa
privada a gente espera aumentar a nossa capacidade de
identificar clones que gerem cultivares mais competitivas.”