Brasília e São Paulo, Brasil
November 22, 2006
Daniel Merli e Elaine Patricia
Cruz
Repórteres da Agência
Brasil
A empresa alemã Bayer
CropScience negou que as sementes do milho transgênico
LibertyLink, desenvolvidas para serem mais resistentes a
agrotóxico, possam causar danos à saúde humana ou ao meio
ambiente. A organização ambientalista Greenpeace realizou um ato
hoje (21), em frente à empresa, pedindo que o milho transgênico
não seja liberado. Como ele é feito para ser resistente a um
herbicida fabricado pela Bayer, o temor do Greenpeace é que o
excesso de agrotóxico contamine o ambiente ou os consumidores do
produto.
Em nota divulgada à imprensa no final da tarde, a empresa alemã
afirma que o herbicida "é um produto utilizado na agricultura há
mais de 20 anos sem relato de danos à saúde humana". "Todas as
avaliações de risco mostraram que o produto é seguro aos
trabalhadores que aplicam o herbicida, aos consumidores e ao
ambiente".
O agrotóxico da Bayer é feito à base de glufosinato de amônio.
Segundo o Greenpeace, a Autoridade Européia para Segurança
Alimentar fez testes apontando que alta dosagem de glufosinato
tem efeitos negativos sobre a fertilidade feminina. Na União
Européia, onde fica a sede da Bayer, o milho LibertyLink é
proibido, segundo a organização.
O gerente de tecnologia da área de BioScience da empresa, André
Abreu, considera que a diferença entre o milho tradicional e o
milho modificado geneticamente só ocorre para o agricultor, não
para o consumidor. “É um milho saudável e saboroso como qualquer
outro milho que chega à mesa”, disse, em entrevista hoje à
Agência Brasil. “O diferencial dele é que permite ao agricultor,
ao invés de utilizar uma série de produtos químicos antigos para
limpar o mato da lavoura, usar um produto moderno e que é
biodegradável”, acrescenta. Segundo ele, o milho transgênico tem
importância ambiental porque não deixa resíduo no solo e social
porque essa tecnologia simplifica o trabalho do agricultor.
Na manhã de hoje, manifestantes da organização ambiental
Greenpeace protestaram em frente ao prédio da empresa, em São
Paulo, exigindo a não liberação comercial dessa variedade de
milho transgênico. No documento enviado hoje pelo Greenpeace à
Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança (CTNBio), a organização alertou para os riscos
da liberação do milho geneticamente modificado, dizendo que “a
quantidade de resíduo de agrotóxico no milho transgênico é muito
maior do que a registrada no milho convencional” e que há riscos
ao meio ambiente e à saúde humana.
Para Abreu, a discussão sobre a possível aprovação do milho
transgênico pela CTNBio pode ter ganhado importância no cenário
nacional por causa da aprovação de uma nova legislação nessa
área pelo atual governo.
“Nós entendemos que essa discussão hoje adquiriu uma certa
importância porque desde que o governo Lula aprovou a nova
legislação para o Brasil, esse é o primeiro momento que a CTNBio
se reúne para decidir sobre produtos no âmbito comercial.
Decidia-se muito sobre pesquisa, mas agora há uma série de
produtos para uso comercial”, afirmou Abreu, acrescentando que
essa variedade de milho já foi aprovada em vários outros países
como Japão, Coréia, Austrália, Canadá, Estados Unidos e
Argentina.
Abreu explicou que, como a tecnologia do milho transgênico deve
ser adaptada a cada país e aos diferentes solos ou climas, mesmo
que a CTNBio aprove sua comercialização agora, este só deverá
entrar no mercado nacional em dois anos. “Se a CTNBio aprovar,
aí nós temos que preparar as sementes. Isso demora mais ou menos
uns dois anos para ter um volume suficiente para atender a
demanda dos lavradores.”
Qualquer cidadão brasileiro pode conhecer e ter acesso ao
relatório com todas as informações e resultados dos estudos
sobre o milho transgênico. Segundo Abreu, basta escrever para a
CTNBio e solicitar uma cópia na íntegra do relatório. |