Brazil
May 5, 2006
A
BRS 195 é a primeira cultivar de cevada cervejeira de porte anão
recomendada para produção no Cerrado (Planaltina-DF), após
registro em 2005. Essa cultivar, desenvolvida pela Embrapa Trigo
(Passo Fundo-RS), foi registrada para cultivo na Região Sul em
2000 e após vários anos de pesquisa em melhoramento e manejo da
cultura foi selecionada para cultivo no Cerrado.
No Programa de Pesquisa de Cevada para áreas de Cerrado, a
Embrapa Cerrados e a Embrapa Trigo , unidades da
Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária –Embrapa, vinculada ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, introduziram germoplasma
de diversas origens e selecionaram a cultivar BRS 195, em razão
do seu excelente desempenho.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Cerrados, Renato Fernando
Amabile, as principais características da BRS 195 são: duas
fileiras de grãos, ampla adaptação, alto potencial produtivo,
qualidade do tipo cervejeiro e competitividade em relação às
demandas dos agricultores e aos padrões exigidos pela indústria
de malte. A variedade é recomendada para o Distrito Federal,
Goiás e Minas Gerais (altitudes acima de 800 m) em sistema
irrigado.
Em comparação a maioria das variedades de cevada, a BRS 195 tem
ciclo precoce. Atinge o espigamento em média de 68 dias após a
emergência (1044 graus dias) e a maturação fisiológica ocorre
entre 115 e 120 dias após a emergência (1605 graus dias).
Apresenta porte anão com altura média de 69 centímetros, tendo
em condições normais de desenvolvimento, bom nível de
resistência ao acamamento.
A BRS 195 é resistente à mancha-reticular, sendo menos
vulnerável à brusone em comparação à BRS 180, cevada de seis
fileiras introduzida e adaptada às condições do Cerrado. Sua
peculiaridade é ser resistente ao excesso de nitrogênio, o que
faz aumentar o índice de proteína do cereal e a torna inadequada
para a indústria malteira.
O potencial de produção de grãos da BRS 195 é superior a 7.000
quilos por hectare, tendo atingido 7.200 quilos por hectare em
lavouras comerciais no Cerrado. Em condições experimentais,
alcançou rendimento de 8.246 quilos por hectare.
Maio é época de semeadura
Os melhores resultados são obtidos em semeaduras realizadas
entre 10 a 30 de maio, com populações de planta variando de 250
a 300 plantas emergidas por metro quadrado. O pesquisador da
Embrapa Cerrados explica que os plantios anteriores a essa data
podem sofrer ataques mais intensos de doenças e posteriores a
ela podem enfrentar maiores possibilidades de chuva na colheita,
comprometendo a qualidade do grão. É indicado que as sementes
sejam colocadas entre dois e três centímetros de profundidade e
nunca exceder a cinco centímetros.
As recomendações de corretivos e de fertilizantes devem ser
baseadas em resultados de análises de solo. Em geral, são
utilizados de 80 a 110 quilos por hectare de fósforo e 45 a 60
quilos por hectare de potássio. A adubação nitrogenada deve ser
feita na semeadura (20 quilos por hectare de nitrogênio) e em
cobertura, com no máximo 30 quilos por hectare. Para que o
nitrogênio aplicado tardiamente não afete a qualidade cervejeira
do grão, ela deverá ser feita no início do perfilhamento, ou
seja, a partir do surgimento da segunda folha na planta.
Manejo da irrigação
Cada estádio fenológico de BRS 195 tem necessidade hídrica
distinta. Visando ao estabelecimento da população de plantas
desejado, no período após a semeadura, deve-se fazer três a
quatro irrigações com lâminas de água entre 10 e 15 milímetros
em intervalos de dois dias. Uma vez estabelecida a cultura, a
irrigação deverá ser efetuada sempre que os tensiômetros,
instalados a 30 centímetros de profundidade, atingirem 60 kPa.
O pesquisador da Embrapa Cerrados alerta que irrigações muito
freqüentes ou água em excesso até o espigamento contribuem para
o crescimento excessivo, enfraquecendo a planta, o que aumenta a
possibilidade de acamamento delas ainda na fase vegetativa. “A
fase do emborrachamento-espigamento até o enchimento do grão é a
que a planta necessita de maior quantidade de água, mas o
excesso desta ou a umidade podem favorecer o aparecimento de
doenças como a brusone. A suspensão da irrigação somente deve
ocorrer na maturação fisiológica dos grãos nos perfilhos mais
tardios da lavoura”, explica Amabile.
Buscando tornar a prática do manejo de irrigação mais acessível
e rotineira, a Embrapa Cerrados, usando resultados de pesquisa
de mais de 20 anos, desenvolveu o Programa de Monitoramento de
Irrigação para o Cerrado - disponível no site:
www.cpac.embrapa.br. Trata-se de ferramenta que permite estimar,
com a confiabilidade necessária, a lâmina líquida a ser aplicada
e o intervalo entre irrigações a ser adotado ao longo do ciclo
da BRS 195.
A colheita deve ser realizada quando os grãos atingirem 13% de
umidade, tendo-se o cuidado com o ajuste e regulagem adequado do
equipamento de colheita para evitar quebra de grãos e outras
perdas durante a operação. |