O conhecimento das condições
ecogeográficas dos locais de coleta de germoplasma se constitui
em informação importante. Com esta proposta, a
Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, está desenvolvendo o
projeto “Coleta, caracterização e uso dos recursos genéticos
para a ampliação da base genética de linhagens e cultivares
brasileiras de arroz”.
Para a pesquisadora da Embrapa
Rondônia (Porto Velho-RO), Marley Utumi, integrante do projeto,
espera-se maior e melhor utilização da diversidade do arroz,
aumento da base genética das cultivares do país e menos
vulnerabilidade e, assim, apoiar a sustentabilidade da produção
brasileira de arroz.
A maior parte das variedades
tradicionais do Banco de Germoplasma foi obtida em 18 expedições
de coleta, em 14 unidades da Federação, no período de 1979 a
2002, coordenadas pela Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de
Goiás-GO), coletando 2.338 amostras.
Em Rondônia, a maioria das
coletas foi nos municípios ao longo da BR364, e após catalogação
e desinfestação, foram armazenadas na Embrapa Recursos Genéticos
e Biotecnologia (Brasília-DF) e na Embrapa Arroz e Feijão. Os
resultados da caracterização do germoplasma de arroz, de acordo
com o ambiente de origem, servirão como subsídio para a
estruturação da coleção nuclear brasileira de arrroz, pois
certamente a origem geográfica deverá ser empregada como um dos
critérios de estratificação da Coleção Brasileira de Germoplasma
de Arroz, explica a pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e
Biologia, Marília Burle. A coleção refere-se a uma pequena
amostra de 550 integrantes, escolhidos entre quase 10 mil
acessos de arroz armazenados no Banco de Germoplasma da Embrapa,
onde estão presentes 308 variedades tradicionais, 94
linhagens/cultivares brasileiras e 148 estrangeiras.
As amostras de Rondônia que
retornaram para experimentação são de coletas feitas nos
municípios da região sul, em Vilhena, central, mais
especificamente em Ji-Paraná e no município de Porto Velho, ao
norte do Estado.
No experimento, que foi
implantado no Campo Experimental da Embrapa Rondônia em
Vilhena-RO, está sendo avaliado caracteres agronômicos, como
altura de planta, ciclo da cultura, incidência de acamamento e
doenças e produtividade. Este trabalho está em desenvolvimento e
em fase de avaliação.
Além de Vilhena-RO, o mesmo
trabalho está sendo inserido em outros locais do Brasil, como:
Boa Vista-RR, Formoso do Araguaia-TO, Sinop-MT, Teresina-PI,
Goiânia-GO e nos municípios de Pelotas e Alegrete-RS.
Em Santo Antônio de Goiás-GO,
será feita avaliação de qualidade de grão, que envolve formato,
coloração, cocção e rendimento industrial. Também será realizada
análise de DNA, usando uma metodologia chamada SSR (simple
sequence repeats), a qual permitirá estabelecer um perfil
molecular de cada acesso, determinar o grau de relacionamento
genético entre eles e detectar duplicatas.
O conjunto de informações,
obtido com a caracterização dos acessos, será fundamental para
auxiliar no processo de escolha para adicionar novos acessos na
Coleção Nuclear que realmente acrescentem variabilidade
genética, e orientar os pesquisadores no processo de escolha de
novos parentais para o programa de melhoramento genético do
arroz, salienta Marley. Além disso, diz a pesquisadora, o
experimento serve como parte de treinamento de futuros
profissionais da área agrícola e de pesquisa.