Brazil
June 26, 2006
A
tecnologia do substrato micorrizado, desenvolvida pela Embrapa
Cerrados (Planaltina - DF) - Unidade da
Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento - está sendo
disponibilizada para incubação pela Secretaria de Recursos
Tecnológicos da Embrapa. O substrato, indicado para utilização
na produção de mudas diversas, é enriquecido por fungos
micorrízicos arbusculares selecionados que, depois de
inoculados, aumentam a capacidade das plantas em absorver
nutrientes do solo, principalmente o fósforo.
O efeito da micorriza arbuscular no crescimento das plantas vem
sendo estudado pelos pesquisadores da Embrapa Cerrados desde
1977. A micorriza, associação natural entre fungos benéficos e
específicos do solo e as raízes das plantas, propicia o
crescimento mais rápido das mudas e aumenta a produtividade das
culturas. "Muitas vezes o produtor não tem consciência da
importância do aspecto biológico do solo", salienta Jeanne
Christine Claessen de Miranda, pesquisadora da Unidade.
A pesquisadora explica que no solo ocorrem vários processos
biológicos que interferem na disponibilização de nutrientes para
as plantas e no seu crescimento. O aspecto biológico, no
entender da pesquisadora, deve receber tanta atenção quanto o
aspecto físico como a compactação, a estrutura e a capacidade de
retenção de água do solo e o aspecto químico como a acidez e a
fertilidade do solo. "Esses aspectos estão ligados entre si e
por isso é preciso reconhecer a importância do aspecto
biológico".
Segundo a pesquisadora, o solo da região dos Cerrados tem
quantidade baixa de fungos micorrízicos arbusculares, mas grande
quantidade de espécies. "Numa única amostra de solo, podemos
encontrar de seis a oito espécies. A possibilidade de uma ser
benéfica para a planta é grande". O manejo de solos e culturas
permite aumentar a comunidade desses fungos naturalmente
presentes no solo, tanto em quantidade (número de propágulos)
quanto em qualidade (número de espécies). Segundo Jeanne, quando
esse manejo é inadequado, uma redução pode ocorrer nessa
comunidade e, conseqüentemente, uma diminuição da resposta das
plantas aos insumos utilizados.
Os pesquisadores observaram que, dentre as várias práticas
agrícolas, a rotação de culturas pode favorecer de forma
significativa a micorriza arbuscular. "Para cada sistema de
produção, é importante e necessário programar o tipo de rotação
e as culturas adequadas a serem utilizados", salienta.
A utilização dos fungos micorrízicos na produção de mudas vem
sendo recomendado pela Embrapa Cerrados desde 2000, ano da
publicação do primeiro comunicado técnico sobre o assunto. No
ano seguinte, a Embrapa deu início ao processo de patenteamento
do substrato micorrizado. A Proteção Intelectual (PI) já foi
recebida e a tecnologia está sendo disponibilizada para
incubação de empresas.
A técnica para produzir inoculantes surgiu da necessidade de
compensar a baixa quantidade ou até mesmo ausência de fungos
micorrízicos arbusculares observada no solo utilizado para a
produção de mudas. O processo de produção do inoculante
aconteceu em várias etapas.
O estudo começou com a seleção de espécies desses fungos,
nativos do Cerrado, mais eficientes. Para medir a eficiência, os
pesquisadores levaram em consideração as respostas positivas num
grande número de plantas hospedeiras numa ampla faixa de acidez
e fertilidade do solo e a multiplicação de propágulos do fungo
no solo. A seleção resultou na identificação de três espécies de
fungos mais eficientes. O substrato, enriquecido pelos fungos
micorrízicos selecionados, tem uma composição que favorece a
multiplicação dos fungos. "Já existe produção de inoculante no
país, mas em pequena quantidade. A vantagem do material da
Embrapa é o uso de espécies selecionadas o que torna o processo
de produção mais prático e econômico", destaca Jeanne.
O substrato micorrizado foi testado na produção de várias mudas
no viveiro da Embrapa Cerrados. A pesquisa, de modo geral, tem
comprovado que espécies como café, citros, manga, acerola,
pequi, maracujá, baru, sucupira, eucalipto, jacarandá da bahia,
além de diversas palmeiras e forrageiras, se
beneficiam da inoculação. |