A Embrapa Soja (Londrina-PR),
unidade da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária-Embrapa, vinculada ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento e o Instituto de Pesquisa
do Governo Japonês- Jircas, anunciaram durante o IV Congresso
Brasileiro de Soja, realizado de 05 a 08 junho, a obtenção de
uma soja geneticamente modificada para maior tolerância à seca.
A nova planta recebeu um gene chamado Dreb, extraído da
planta Arabidopsis thaliana, a primeira planta que teve
seu genoma sequenciado.
O gene Dreb codifica uma proteína que aciona os genes de
defesa das estruturas celulares da planta e ocorre naturalmente
em todos os seres vivos. A patente do gene pertence ao Jircas (Japan
Internacional Research Center for Agricultural Sciences),
instituto de pesquisa japonês que firmou acordo com a Embrapa
para uso em soja.
“Desde 2003, estamos
trabalhando nesse projeto para inserir o gene Dreb em
plantas de soja. Os primeiros resultados são animadores e
demonstram o grande potencial para uso em variedades comerciais
visando redução de perdas devido à seca. Para isso, usamos um
técnica brasileira de transformação de plantas, desenvolvida e
patenteada pela Embrapa”, explica Alexandre Nepomuceno,
pesquisador da Embrapa Soja, coordenador do projeto.
Para chegar a patente do gene Dreb, o Jircas dedicou dez anos de
pesquisa, investindo aproximadamente U$ 1 milhão/ano. “O Brasil
é um país estratégico na produção mundial de soja e a Embrapa é
uma instituição pública como o Jircas. Para o Japão, é
importante o Brasil manter a estabilidade de produção de soja no
mundo, uma vez que importamos mais de 95% do consumo interno”,
destaca Naoki Yamanaka, pesquisador do Jircas que atua no
projeto no Brasil.
“Essa é uma tecnologia estratégica para o país, pois junto de
outras tecnologias, como o manejo do solo e o plantio direto,
poderá amenizar as perdas que ocorrem quando há estiagem. A
Embrapa pretende fazer os primeiros testes de campo em 2007,
assim que obter a autorização da CTNBio (Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança)”, afirma Nepomuceno. A parceria
Embrapa/Jircas é o único grupo testando a tecnologia Dreb em
soja no mundo.
Os testes de campo com a soja Dreb devem durar cerca de 2 anos.
Paralelamente, serão iniciados os estudos de biossegurança,
considerando questões ambientais e de segurança alimentar humana
e animal. A tecnologia Dreb também está sendo usada em pesquisas
com tabaco, arroz e trigo por outros grupos de pesquisa do
mundo.
A região Sul do Brasil, que
responde por cerca de 40% da produção nacional, é a que mais
sofre com perdas por seca. Considerando as últimas três safras,
os prejuízos diretos causados por situações de seca somam mais
de U$ 4,5 bilhões. Somente no Rio Grande do Sul, em 2003/04, o
ano mais crítico dos últimos três, a seca reduziu em 70% a
produção de soja.
Dreb – Sigla em inglês para “Dehydration Responsive
Element Binding Protein” ou Proteína de Resposta à
Desidratação Celular.