News section

home  |  news  |  solutions  |  forum  |  careers  |  calendar  |  yellow pages  |  advertise  |  contacts

 

Vencendo o desafio de produzir cereais no mundo tropical
Brazil
July 18, 2006

Dois especialistas internacionais analisaram no começo da manhã desta terça-feira, dia 18 de julho, como os países tropicais conseguiram impulsionar a produção e aumentar a produtividade de cereais nos últimos 30 anos. Kevin Pixley, diretor do Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo (CIMMYT-México), e Antônio Fernandino de Castro Bahia Filho, reitor da Fundação Educacional Monsenhor Messias e ex-pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, participaram da primeira sessão paralela do Workshop Internacional sobre Desenvolvimento da Agricultura Tropical (IWTAD), que está ocorrendo em Brasília nesta semana.

O Workshop é promovido pela Embrapa, pelo Banco Mundial e pelo Grupo Consultivo em Pesquisa Agrícola Internacional (CGIAR). E tem como objetivo discutir pela primeira vez  as bases do sucesso da agricultura tropical e porque ela deu tão certo em países como o Brasil e não se desenvolveu em outros pontos, como África e muitos países da América Latina.

O caso do milho

Pixley começou relembrando que houve um aumento crescente na produção de milho nos países em desenvolvimento nas últimas décadas, mas o mesmo não aconteceu nos países subdesenvolvidos. O motivo? A adoção de tecnologias modernas, principalmente de cultivares de milho híbrido, mecanização das lavouras, correção de solos e participação do setor privado. "E isso levando em consideração que nos países em desenvolvimento dos trópicos, menos da metade está utilizando tecnologias inovadoras", afirma ele.

O diretor do CIMMYT apontou dois principais fatores que provocam perdas nas produção de milho hoje em todo o mundo: estiagens longas e a deficiência de Nitrogênio - este último presente em quase todos os países africanos. A solução, segundo ele, passa necessariamente pela inovação científica, com o desenvolvimento de novas tecnologias de tolerância à seca (híbridos, técnicas de manejo etc) e a utilização de adubos e fertilizantes para correção de solo. "O Brasil fez isso também para coorigir a presença de alumínio nos solos do Cerrado", exemplificou. Já na África, os produtores utilizam muito pouco fertilizantes químicos para solucionar a deficiência de Nitrogênio.

Kevin Pixley também ressaltou outras experiências de sucesso com milho na faixa tropical. "A pesquisa participativa, base para a inovação científica moderna, traz para o método científico a participação direta do produtor. Isso aconteceu no Nepal na última década, onde a pesquisa agropecuária teve que levar em conta a utilização de partes do milho até então desprezadas em outros países, como a folha da planta. Os produtores necessitavam de folhas maiores, para serem usadas pelas famílias", lembrou.

Ele também mostrou que a interação do plantio direto com variedades tolerantes à seca ou com a fixação biológica do nitrogênio era um exemplo a ser seguido, bem como tecnologias inovadoras na área da biométrica. E por fim tocou na biotecnologia: "nosso maior desafio agora é fazer com que a biotecnoligia chegue aos pequenos produtores também. Até agora nós não conseguimos isso".

Milho, arroz e trigo no Brasil

Entre 1990 e 2004, a produção de milho, arroz e trigo cresceu, no Brasil, em torno de 67%, 27% e 71% - no caso do milho e do arroz, houve também redução da área plantada, enquanto que no trigo a expansão da área superou os 12%. O que levou o país a obter esses números? Antônio Fernandino de Castro Bahia Filho defende algumas respostas, como os expressivos incrementos na produtividade agrícola das lavouras, com a geração e adoção de tecnologias, assistência técnica, crédito, envolvimento do setor privado no processo de transferência (como a indústria de sementes, de fertilizantes e de máquinas, principalmente semeadoras), a migração de agricultores do Sul, a integração da Pesquisa & Desenvolvimento com a política governamental e a criação da Embrapa e do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA).

"Registramos nas duas últimas safras um aumento da produtividade de milho, acompanhado de duas novidades: a redução da área na safra principal e uma segunda safra anual superior à primeira", anunciou Bahia.

Em seguida o pesquisador, apontou os principais impactos da pesquisa agropecuária brasileira nas três culturas de cereais analisadas: milho, arroz e trigo. "Tudo começou nas décadas de 70 e 80, com a introdução e adaptação dos materiais do CIMMYT. Depois vieram as cultivares da Embrapa, criadas especificamente para as características brasileiras", relembrou ele, citando três casos de maior sucesso, que foram a BR 106 (cultivar plantada até hoje no território nacional), a BR 201 (primeiro híbrido da Embrapa e que marcou a decisão estratégica da Empresa de entrar nesse mercado) e a BR 1010 (já fazendo parte da nova geração de híbridos simples com tolerância a estresses múltiplos).

No caso do arroz, Bahia destacou o que ele chamou de a maior inovação: sair da adaptação do tradicional arroz japônico, utilizado na década de 70, para o arroz moderno brasileiro, com a utilização de germoplasma originário do CIAT, do CIRAD, da USDA e da própria Embrapa para introdução de características, como grão fino longo. Essa mudança estabeleceu um novo patamar de competitividade do arroz brasileiro no mercado.

No trigo, a pesquisa brasileira atuou, na opinião de Fernandino, principalmente na redução do porte da planta, na adaptação e desenvolvimento de novas cultivares mais tolerantes à seca e resistente a doenças, nos ganhos de produtividade e na maior força do glúten. "Foram anos e anos de melhoramento com um olho no rendimento, outro no acamamento e outro na tolerância a doenças".

Bahia mostrou que depois da Embrapa modificar sua política de propriedade intelectual, suas cultivares de arroz chegaram a ocupar 41% do mercado nacional; as de milho, 45%; e as de trigo, 46%.

No final, ele lançou algumas preocupações para o setor de cereais no Brasil. "Primeiro, a limitação de recursos e manutenção do melhoramento genético. Isso pode ameaçar a nossa soberania, já que muitos programas não podem ser compartilhados, tem que ficar na mão do setor público brasileiro. Segundo, o sucateamento de grande parte dos nossos laboratórios. Terceiro: a biotecnologia que deverá estar focada em projetos que possam liberar produtos, que possam chegar aos mercados. Depois, a sustentabilidade e a preocupação com os impactos ambientais, principalmente no que se refere à agua e ao aquecimento global. Quinto, o estabelecimento de um novo modelo de parceria público-privada, sem enfraquecer o nosso papel de setor público. E por fim, uma agenda social calcada na boa ciência", finalizou.

News release

Other news from this source

16,370

Back to main news page

The news release or news item on this page is copyright © 2006 by the organization where it originated.
The content of the SeedQuest website is copyright © 1992-2006 by SeedQuest - All rights reserved
Fair Use Notice