Brasília, Brazil
January 20, 2006
Eduardo Mamcasz, Repórter da Rádio Nacional via
Agencia Brasil
A pirataria no Brasil não está mais restrita aos discos e
roupas. Na agricultura, ela também já ganha espaço. Em
entrevista à Rádio Nacional, dentro da série "Soja - um grande
negócio", o presidente da
Associação Brasileira de Obtentores Vegetais, Ivo Carraro,
revelou que o país está a caminho de se tornar campeão na
pirataria de sementes transgênicas.
"O nível de uso ilegal de semente protegida, no Brasil, é uma
coisa absurda", afirmou Carraro que também é diretor da
Associação Brasileira de
Sementes e Mudas (Abrasem). A entidade reúne produtores e
pesquisadores em agricultura. Eles reclamam da falta de
"fiscalização adequada" para o cumprimento da lei de patentes
que protege os direitos intelectuais de empresas "privadas,
públicas e mesmo multinacionais".
Para deixar de depender da tecnologia vinda de empresas
estrangeiras, como a Monsanto, os produtores e pesquisadores
sugerem que o Brasil não se dedique à pirataria, mas, sim, a
"investir mais, trabalhar mais e produzir mais". Ivo Carraro
conta que, para a última safra, enquanto foram vendidas
"sementes legais" destinadas a quatro milhões de hectares, as
"sementes piratas" plantadas ocuparam seis milhões de hectares.
O diretor da Abrasem defende o acerto feito pela empresa
Monsanto para receber uma indenização dos que plantaram
ilegalmente semente patenteada por ela. "Será cobrada dois por
cento sobre o valor de cada saca na hora em que o produtor for
vender o produto", calcula.
Segundo ele, a lei brasileira de patentes permite o "exercício
de direito em todas as fases" e essa é mais uma forma de
combater a pirataria e diminuir a sonegação de "royalties".
"Hoje, é a Monsanto que está recebendo a indenização pelo uso
indevido de suas sementes, amanhã pode ser a Embrapa ou qualquer
empresa nacional", alertou Carraro. |