Brazil
January 16, 2006
O
Consórcio Antiferrugem, coordenado pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, já registrou até o dia
16 deste mês, 383 ocorrências da ferrugem asiática da soja . A
doença segue avançando em praticamente todo o território
brasileiro, mas ainda não foi identificada na safra 2005/2006 em
Roraima e na Bahia.
"O número de focos está dentro da normalidade, mas este ano os
produtores estão mais espertos na identificação e no
encaminhamento aos centros de diagnósticos, o que tem
contribuído para o aumento no número de relatos de ocorrência",
avalia Ademir Henning, pesquisador da
Embrapa Soja, entidade
integrante do Consórcio Antiferrugem.
O Brasil-Central é a região onde o clima está favorecendo mais o
avanço da doença. No Paraná, apesar de estar chovendo pouco,
diariamente, há relatos de novos focos de ferrugem,
principalmente nas lavouras em fase de formação de vagem. Os
campeões na identificação da ferrugem são: Mato Grosso do Sul,
com 141 ocorrências, Paraná, com 90 e São Paulo, com 74.
Monitoramento - Como a ferrugem pode aparecer em qualquer
estádio de desenvolvimento da lavoura, a identificação no início
do seu aparecimento garante o sucesso do controle químico. É por
isso que o monitoramento deve ser feito desde a emergência da
planta e intensificado próximo à floração, quando aumenta a
probabilidade de incidência da doença.
“As vistorias devem ser ainda mais regulares quando existe a
constatação de que a doença está presente na região. Uma das
maneiras de se manter informado é acompanhando o Sistema de
Alerta de safra, na página da Embrapa Soja na internet
(www.cnpso.embrapa.br/alerta)“, orienta o pesquisador José
Tadashi Yorinori, da Embrapa Soja, unidade da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Na rotina de inspeções às lavouras, atenção especial deve ser
dada às áreas mais úmidas na propriedade e às primeiras
semeaduras. As unidades de alerta, instaladas na região, também
são importantes aliadas, uma vez que são pequenas áreas de soja
semeadas antes da data de semeadura normal da região que
funcionam como armadilhas ou iscas para o fungo.
O monitoramento se completa com o acompanhamento das condições
climáticas. A ferrugem se desenvolve bem quando há chuva
abundante ou formação de orvalho por cerca de 10 horas.
Temperaturas inferiores a 15oC ou superiores a 30ºC, associadas
com condições secas, retardam o desenvolvimento da ferrugem.
“A decisão sobre o momento da aplicação (quando aparecem os
sintomas iniciais ou preventivamente) deve ser técnica, levando
em conta os fatores necessários para o aparecimento da ferrugem
(presença do fungo na região, idade da planta e condição
climática favorável), a logística de aplicação (disponibilidade
de equipamentos e tamanho da propriedade), a presença de outras
doenças e o custo do controle”, avalia Cláudia Godoy,
pesquisadora da Embrapa Soja.
“Não existe uma regra fixa sobre o momento de aplicação uma vez
que, em algumas regiões, onde há uma alta pressão de inóculo e
condições climáticas favoráveis, o aparecimento tem sido
observado no estádio vegetativo. Quanto mais cedo sua
incidência, maior o número de aplicações necessárias. De forma
oposta, em regiões com baixa pressão de inóculo e clima não tão
favorável, sua incidência tem sido observada somente na formação
de grãos, sendo seu controle feito conjuntamente com as doenças
de final de ciclo”, explica a pesquisadora.
Custo - O custo direto (insumos e mão de obra) para produção da
soja gira em torno de R$818,00 considerando a média de duas
aplicações de fungicida contra a ferrugem. Para o diretor da
Céleres, Anderson Galvão, ao manter a produtividade de 50 sacas
por hectare, duas aplicações de fungicidas representam R$ 113,00
do custo direto de produção ou cerca de 14%; três aplicações
equivalem a 19% do custo direto de produção e quatro aplicações
a 24%. “Por isso, o produtor deve tentar manter a média de duas
aplicações com fungicidas, o que ainda pode resultar num lucro
sobre as despesas diretas, caso contrário pode haver prejuízos”,
calcula. |