Brazil
February 9, 2006
A
cultura da soja está durante todo o seu ciclo sujeita ao ataque
de diferentes espécies de insetos. Embora tais pragas tenham
suas populações reduzidas por inimigos naturais, quando
conseguem atingir um número considerável são capazes de causar
perdas relevantes na cultura, e isso requer ações de controle
adequado.
Percevejo marrom (Euschistus heros), verde pequeno (Piezodorus
guildinii) e verde (Nezara viridula) são as
principais pragas que atacam a soja neste final de temporada.
“Elas causam perdas quantitativas e qualitativas, pois sugam o
grão, reduzindo-os ou alterando a quantidade de óleo e
proteínas”, alerta Crébio José Ávila, entomologista e
pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados-MS), unidade
da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária-Embrapa, vinculada ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
O agrônomo explica que ao inserir o estilete na vagem, o
percevejo suga a semente. “Caso esteja pequena, ela pode ser
abortada ou desenvolver vagens com falhas. Se não morrer, o grão
atrofia, enruga, não preenche completamente ou é exposto a
doenças”, esclarece. Além disso, com a entrada de umidade o grão
pode ainda apodrecer.
Outro dano, porém indireto, é que essa sucção no grão provoca um
distúrbio fisiológico na planta, acarretando retenção foliar que
impossibilita o encerramento do seu ciclo. “Apesar de estar
próxima da colheita a planta permanece com folhas verdes, é a
chamada de ‘soja louca’ ”.
Crébio destaca também que o produtor precisa, basicamente,
começar o controle na instalação da cultura. “Não podemos pensar
em controlar a partir do momento que a planta está susceptível.
É preciso ter uma consciência pró-ativa”. Para isso é necessário
o uso de produtos adequados para o controle de pragas,
seletivos, ou seja, que não afetem os inimigos naturais e
recomendados para o manejo.
Agora na fase de susceptibilidade, o pesquisador da Embrapa
ressalta que o produtor precisa monitorar o percevejo, não
deixá-lo explodir populacionalmente. “O agricultor tem que
acompanhar sua lavoura para monitorar os percevejos, e assim,
tomar as medidas corretas”, frisa. Em certas situações, o
controle pode ser efetuado apenas nas bordas da lavoura, sem
necessidade de aplicação de inseticidas na totalidade da área,
porque o ataque desses insetos inicia-se pelas regiões
marginais.
“Os produtos indicados para o controle das pragas são
recomendados pela Comissão de Pesquisa de Soja e o produtor
sempre tem que levar em consideração a toxicidade, o efeito
sobre os inimigos naturais e o custo por hectare”, finaliza
Crébio. |