Brazil
December 26, 2006
Apesar da soja RR ser opção para
lavouras com alta infestação de plantas daninhas, o manejo
inadequado vêm permitido a manifestação da resistência de
plantas daninhas ao herbicida glyphosate. Há registros, no
Paraná e no Rio Grande do Sul, de lavouras de soja RR com
problemas de resistência a azevem e espécies de buva.
Recentemente, foi confirmado no Rio Grande do Sul, a resistência
de amendoim bravo ao glyphosate. “Isso vem ocorrendo porque os
produtores não estão usando adequadamente as tradicionais
práticas de manejo que valem tanto para soja convencional quanto
para soja transgênica”, diz o pesquisador, Dionísio Gazziero, da
Embrapa Soja.
O pesquisador alerta que o uso continuado de um mesmo herbicida
tanto em soja convencional quanto em soja RR acaba selecionando
plantas tolerantes e resistentes, o que torna difícil o controle
em condições de campo. Como recomendação, ele orienta rotacionar
soja convencional e transgênica (soja RR), o que facilita o uso
de herbicidas de diferentes mecanismos de ação.
“Em soja RR, o glyphosate é o produto padrão, mas sabemos que
seu uso continuado provocará mudanças na comunidade infestante e
levará a necessidade de aumento da dose e até mesmo na redução
no espectro de ação. Isso resulta em perdas das vantagens
competitivas da nova tecnologia”, enfatiza Gazziero. “Para
manter essas vantagens, é preciso uso de sistemas que possam
permitir a sustentabilidade da produção”.
A orientação para evitar o problema passa pelo controle das
plantas daninhas durante todo o ano e não só na safra de verão.
O pesquisador afirma ser comum verificar que as plantas daninhas
não são controladas adequadamente na cultura da safrinha e no
pousio (período em que a terra fica descoberta). “Nesses casos,
ocorre a multiplicação de sementes das espécies infestantes e o
aumento do banco de sementes”, diz. “Em alguns casos, a pressão
de infestação chega a tal ponto que inviabiliza qualquer produto
funcionar de forma satisfatória”.
Gazziero levanta outro ponto importante referente a utilização
de doses recomendadas de herbicida e não sub-doses. “Existe no
Brasil a tendência de uso de doses menores do que as
recomendadas, fator comumente associado ao escape de controle,
especialmente das espécies tolerantes”, diz.
Ao analisar os problemas na soja RR, Gazziero ressalta que não
se pode ignorar a interferência do mato sobre a cultura
(mato-interferência). “Ficamos preocupados ao verificar que
algumas propriedades estavam eliminando a operação de dessecação
e semeando a soja no mato, o que é um grave erro”, explica.
“Estudos mostram que as perdas de produtividade podem totalizar
pelo menos seis a sete sacos/há, quando não se faz o controle na
pré-semeadura”.
BUVA - No caso da buva, o problema aconteceu com o uso do
glyphosate na entressafra, especialmente nas áreas em que não
houve uma adequada ocupação ou cobertura do solo. A buva é uma
espécie que se desenvolve em beiras de estradas e áreas não
agriculturáveis e dali se espalham com facilidade para as
lavouras, através de sementes que são facilmente carregadas pelo
vento. “Se não forem tomadas medidas de controle imediatas,
quando chega o momento de plantio da soja, muitas vezes, a
situação fica insustentável. E o pior, no meio das espécies
suscetíveis apareceram os biótipos resistentes,”diz.” Além
disso, as plantas suscetíveis não são bem controladas quando
ficam adultas”.
Apesar de ser mais comum no sul do Brasil, a buva aparece em
alguns estados produtores de soja na região Central, por isso, é
importante que seu controle seja feito para evitar a
multiplicação. Para Gazziero, a ocupação da área com culturas de
safrinha ou de cobertura, associadas ao manejo químico em
plantas no início de desenvolvimento resolvem o problema. |