Brasil
December 11, 2006
Novo complexo de câmaras frias
vai dobrar a capacidade de armazenamento de sementes de 120 para
240 mil.
A solenidade em homenagem ao 32º
aniversário da
Embrapa
Recursos Genéticos e Biotecnologia realizada no dia 07 de
dezembro marcou um passo determinante para a história da
agricultura brasileira: a inauguração de um novo complexo de
câmaras frias de conservação de espécies vegetais, que dobrarão
a capacidade de armazenamento de amostras de sementes de 120
para 240 mil. As novas câmaras foram inauguradas pelo
Ministro
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Luís Carlos Guedes
Pinto, e pelo Diretor-Presidente da Embrapa, Sílvio Crestana.
O Ministro e o Presidente,
acompanhados do Chefe-Geral da Unidade, José Manuel Cabral,
depositaram também a centésima milésima amostra de semente (de
feijão) no banco genético, fazendo com que ele seja o 7º maior
do mundo, empatado com o do Canadá. Em primeiro, estão os
Estados Unidos, com 466 mil amostras; seguidos pela China, com
360 mil; Alemanha, com 160 mil; Japão, com 147 mil; Índia com
144 mil e Coréia, com 115 mil.
No banco genético de espécies
vegetais, conhecido no meio científico como coleção de base,
estão conservadas 100 mil sementes de importância
sócio-econômica em câmaras frias a 20ºC abaixo de zero, onde
podem permanecer por mais de cem anos. É claro que
periodicamente são feitos testes para avaliar o seu potencial de
germinação. As espécies com maior número de amostras na coleção
são aquelas de maior importância na alimentação do povo
brasileiro, ou seja: soja, arroz, feijão, trigo e milho, mas o
banco inclui ainda inúmeras outras espécies, como medicinais,
fruteiras e arbóreas, entre muitas outras.
As espécies que compõem a coleção de base da Unidade são
resultantes de expedições de coleta realizadas em todas as
regiões brasileiras e também do intercâmbio com outras
instituições de pesquisa e universidades do Brasil e do
exterior.
A Embrapa Recursos Genéticos e
Biotecnologia investe na conservação de espécies vegetais,
animais e de microrganismos desde a sua criação, em 1974, com o
objetivo de preservar o passado e garantir a diversidade
alimentar das futuras gerações.
Conservação: fundamental para garantir a segurança alimentar
As espécies vegetais conservadas no banco genético da Embrapa
Recursos Genéticos e Biotecnologia foram fundamentais para
enriquecer a agricultura e resgatar a cultura de povos
indígenas, como os Krahôs, do Tocantins, e mais recentemente, de
outros povos indígenas, como da etnia Guarani e algumas tribos
do Xingu.
Além dos povos indígenas, as variedades primitivas conservadas
pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia em suas câmaras
frias beneficiaram também os pequenos produtores da região de
Alto Paraíso de Goiás. Em 2004, eles procuraram a Unidade em
busca de uma variedade de trigo denominada “trigo veadeiro”,
muito produtiva e adaptada às condições da região, mas que
desapareceu em função do cultivo comercial. Esse contato levou a
um convênio com a prefeitura de Alto Paraíso e hoje as sementes
desse trigo já estão sendo amplamente cultivadas por pequenos
produtores locais.
Esses são apenas exemplos de êxito
dos esforços de conservação, que vêm sendo realizados pela
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em parceria com
outras instituições brasileiras e internacionais há mais de três
décadas. “Muitos outros resultados positivos ainda virão, pois a
natureza é uma fonte interminável de genes. E o nosso papel,
como cientistas, é buscar nela as matérias-primas para
desenvolver pesquisas em prol da agricultura e, acima de tudo,
da sociedade brasileira”, como explica Maria Magaly Wetzel,
pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia,
desde a sua criação.
Solenidade de aniversário contou também com assinatura de
contratos de transferência de tecnologia
Durante a solenidade em homenagem
ao 32º aniversário da Embrapa Recursos Genéticos e
Biotecnologia, foram também assinados contratos para
transferência das tecnologias da Unidade. O primeiro, assinado
entre o Diretor-Presidente da Embrapa, Sílvio Crestana, e o
Gerente de Empreendedorismo do UniCEUB, João Bosco Ribeiro, teve
como objetivo transferir tecnologias referentes às tecnologias
de produção de cogumelos para a empresa incubada Cultivis, que
foi a primeira empresa incubada com tecnologia da Embrapa. O
segundo, para a realização de Análise de Risco de Pragas em
banana, entre a Embrapa e o Grupo Consolidado Bravenca, da
Venezuela, foi assinado entre o Chefe-Geral da Unidade, José
Manuel Cabral, e o procurador da empresa, Reinaldo Magalhães
Redorat.
Fernanda Diniz, Jornalista |