A cultura do sorgo, que deve ter
retração de quase 9% na área cultivada e de mais de 6% na
produção, aumentará a produtividade em quase 3% no Brasil na
safra 2005/2006 em comparação com a safra anterior. Este foi
tema de uma mesa redonda durante o XXVI Congresso Nacional de
Milho e Sorgo. O evento, que vai até a próxima quinta-feira,
reúne em Belo Horizonte cerca de 700 pessoas, entre
pesquisadores, professores, extensionistas rurais, estudantes e
outros profissionais ligados às duas culturas agrícolas.
Os problemas e o potencial de
mercado do sorgo no Nordeste foram abordados por Renato Araújo
Carneiro, produtor rural no Ceará. O desenvolvimento de
variedades de sorgo específicas para o Nordeste brasileiro foi
cobrado por Renato. Segundo ele, é necessário atender aos
pequenos agricultores nordestinos, que estão em uma região com
um mercado promissor. O produtor apresentou números que dão
conta de que há, no Nordeste, um mercado em potencial de 2.700
toneladas diárias de sorgo para os rebanhos avícolas, incluindo
galos, frangos, frangas, pintos (que somam 1.600 toneladas) e
galinhas (com as outras 1.100 toneladas / dia). Ao mesmo tempo,
existe uma demanda de 130.000 toneladas de sorgo para atender ao
rebanho bovino. Os números se referem, de acordo com Renato, a
2004.
A cultura do sorgo vem se
expandindo no Cerrado brasileiro devido a vários fatores, de
acordo com o também produtor rural Eduardo Ferreira de Andrade.
O fato de o sorgo ser uma opção muito boa para rotação de
culturas em sistemas de plantio direto e o lançamento de
cultivares que aliam precocidade e produtividade são alguns
desses fatores. Eduardo mostrou números que comprovam a
viabilidade econômica do plantio de sorgo na região. Segundo
ele, quando plantado em fevereiro (época mais indicada), o custo
de produção ficou em R$ 366,50 por hectare ou 39,8 sacos
comercializados a R$ 9,20 cada. Com uma colheita de 60 sacos de
60kg por hectare, o lucro fica em 20,2 sacos ou, em dinheiro, R$
185,00.
Deve-se atentar para a
necessidade de um manejo adequado da produção e de investimento
em tecnologia. Mas o produtor ressalta: “não adianta o produtor
ser eficiente se o mercado não ajuda. Os preços do grão no
Centro-Oeste não estão interessantes”. Eduardo criticou a
relação desigual entre os preços do sorgo e do milho. Ao mesmo
tempo em que apresenta cerca de 95% do valor nutricional do
milho, paga-se pelo sorgo apenas entre 70% e 80% do que se paga
pelo milho.
O diretor de pesquisas e meio
ambiente da Fundação Rio Verde, de Lucas do Rio Verde-MT,
Clayton Giani Bortolini, mostrou a situação do sorgo no estado.
A principal observação foi com relação à infraestrutura que
existe hoje no Mato Grosso, insuficiente para escoar toda a
produção agrícola. O Porto de Santos, por exemplo, está a 2.200
km da região de Lucas do Rio Verde, enquanto o de Santarém, que
poderia ser uma opção, fica a 1.600 km de distância. Eduardo diz
que “estamos no meio do Brasil, mas não conseguimos escoar a
produção”. Uma saída, na visão dele, é o desenvolvimento de um
mercado na própria região, como a chegada de agroindústrias.
Quanto à produção no estado, é
bastante variável: “o que manda é o preço”, explica. O
pesquisador cita o alto potencial de incremento na produção, com
o aumento no consumo de grãos e a integração lavoura-pecuária.
Eduardo chega a afirmar que “a integração lavoura-pecuária é o
futuro do sorgo”, referindo-se ao sucesso da cultura quando
plantada dentro do sistema.
Evento: XXVI Congresso Nacional
de Milho e Sorgo
Local: GranDarrell Hotel (Rua Espírito Santo, 901, Centro, Belo
Horizonte-MG)
Data: segunda-feira (28/8) a quinta-feira (31/8)