A
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) já tem
uma proposta com ações imediatas e medidas de curto, médio e
longo prazos para agilizar a inserção de matérias-primas
renováveis (óleos vegetais) na produção de diesel nas refinarias
da estatal. Os principais pontos da contribuição da Empresa,
vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA), para o Programa de Agroenergia e principalmente para
garantir o abastecimento de três plantas da Petrobrás em fase de
instalação, serão apresentados na próxima segunda-feira, dia 28
de agosto, na sua sede em Brasília das 14 às 17h:30min.
Um dos temas que exige ação
imediata refere-se à produção de sementes básicas de mamona das
cultivares Paraguaçu e Nordestina, criadas pela Embrapa e
adaptadas ao semi-árido brasileiro. Com isso será possível
abastecer as usinas onde a Petrobrás está desenvolvendo projetos
de transesterificação de biodiesel, localizadas em Quixadá
(Ceará), Candeias (Bahia) e Montes Claros (Minas Gerais). Quando
instaladas, cada uma das plantas terá capacidade de processar 50
mil toneladas de óleo vegetal. A urgência em definir esse ponto
se deve à necessidade de aumentar a oferta da oleaginosa, pois
para abastecer as três plantas a pesquisa terá que
disponibilizar mais semente dessas duas variedades, ou o
suficiente para o plantio de uma área de 300 mil hectares.
Atualmente as 50 toneladas de sementes servem para o cultivo em
150 mil hectares.
“Precisamos estabelecer um
programa de produção de semente básica com a Embrapa
Transferência de Tecnologia (Brasília-DF), utilizando as
estruturas que temos na região Nordeste”, explica o chefe da
secretaria de Gestão e Estratégia (SGE), Evandro Chartuni
Mantovani. Ele observa que para o funcionamento das plantas
citadas é preciso óleo vegetal e/ou gordura animal e que, nesse
caso, a Petrobrás adiantou que tem interesse em realizar
contratos para aquisição de óleo.
Nas ações de curto prazo (para
realização em um ano) está a capacitação em produção de mamona.
A iniciativa da Embrapa seria dirigida a lideranças técnicas e
gerenciais das cooperativas, associações de produtores de bagas
e empresas ou grupos produtores de sementes certificadas. Para
os próximos dois anos Mantovani enumera a identificação de
nichos produtivos de espécies autóctones – como a oiticica,
babaçu e macaúba. A idéia é fazer um projeto para o zoneamento
destas espécies em uma área com aproximadamente 300 quilômetros
das plantas em construção. Nesse ponto estariam envolvidas três
Unidades de pesquisa da Empresa, além da Embrapa Agroenergia.
Mas o desenvolvimento de novas
cultivares de mamona, com pesquisas das unidades Embrapa Algodão
(Campina Grande-PB) e Meio Norte (Teresina-PI) e também da
implementação de um programa de domesticação de espécies
potenciais e seus sistemas de cultivo na região (como pinhão
manso, macaúba, oiticica) listam as medidas a longo prazo (3 a
5 anos). Além disso, também se incluem pesquisa em métodos de
desintoxicação da Ricina e novas alternativas para o uso da
Glicerina.
Segundo Evandro Mantovani, com
esta proposta básica é possível a Embrapa e a Petrobrás partirem
para o fechamento de uma parceria com programas delineados pelas
Unidades de pesquisa envolvidas com o tema agroenergia.