Estabilidade no preço estimula produtor
de feijão |
Brazil
September 27, 2005
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As
oscilações no mercado de grãos tem surpreendido o produtor
gaúcho, que ainda avalia alternativas para recuperar os
prejuízos deixados pela seca. A estabilidade nos preços do
feijão preto tem atraído os produtores e pode ocupar espaço da
soja no plantio de verão.
No Rio Grande do Sul, o feijão é tradicionalmente cultivado em
pequenas propriedades, com áreas variando de 2 a 15 hectares. O
plantio inicia em setembro e se estende até dezembro/janeiro,
variando conforme a região. Nos últimos anos, a área plantada
se manteve estável em cerca de 100 mil hectares, com
produtividade média de 700 kg/ha.
Conforme a Emater/RS, até a primeira quinzena de setembro o
feijão contava com 40% da área plantada, antecipando um cenário
que poderá apresentar um aumento da cultura no estado em função
da alta nos preços de comercialização no país, que atingiu R$
77,00 (saca de 60 kg) na semana de 18 a 25 de setembro.
“Ao contrário das outras culturas, o preço do feijão preto não
oscila drasticamente há quatro anos, ficando entre R$ 50 e R$
85. Da mesma forma, o custo de produção também se manteve, já
que o clima do ano passado exigiu pouco tratamento para controle
de doenças”, explica o produtor de sementes Tarso Barizon.
Em Vacaria - RS, a NBN Sementes plantou 400 hectares de feijão
preto nas cultivares BRS Valente e BRS Campeiro, cuja produção
foi rapidamente comercializada. “Ainda não podemos precisar em
números, mas acredito que a comercialização de sementes de
feijão preto foi maior neste ano”, avalia Barizon.
Entraves na colheita
Para o pesquisador Airton Mesquita, da Embrapa Trigo (Passo
Fundo – RS), Unidade da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), um
dos gargalos da cultura está na colheita. “Com grandes
produtores de feijão na Bahia, Minas Gerais e Paraná, uma
colhedora custa cerca de R$ 500 mil, o que torna inviável
introduzir na agricultura familiar gaúcha”, esclarece Mesquita,
lembrando que, nestas condições, resta ao pequeno produtor a
colheita manual (em área de até cinco hectares) ou utilizar a
colhedora da soja. “Como a mecanização da soja não está adaptada
ao feijão, o processo resulta em depreciação do produto pela
quebra de grãos e impurezas, além da perda devido às muitas
vagens que ficam na lavoura”, conclui Mesquita.
Contudo, apesar do feijão competir em área e período da safra
com a soja, ele aparece como uma excelente opção de renda
antecipada pelo ciclo-curto e liquidez de mercado. O feijão
também serve de rotação com o milho e, dependendo a época de
plantio, ainda permite o plantio do milho safrinha logo após a
colheita do feijão. |
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