Brasília, Brazil
September 9, 2005
Lucas Parente,
Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou ontem (8), por
meio de um decreto publicado no Diário Oficial, o uso de
sementes de soja transgênicas produzidas na safra 2004/2005 para
o plantio da próxima safra (2005/2006) no estado do Rio Grande
do Sul.
Contudo, a Lei de Biossegurança permitia o uso dessas sementes
somente até este ano. Para o vice-presidente da Confederação da
Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Carlos Sperotto, o
decreto "deveria ser ainda mais abrangente". Já a coordenadora
do Greenpeace Gabriela Vuolo avalia que a aprovação "é uma
tentativa de legalizar atitudes criminosas".
Segundo Sperotto, "o beneficio das sojas transgênicas já foi
comprovado", e, por isso, seria um erro regionalizar o plantio.
"É um quadro que sai tarde. Acreditamos que é justo que os
outros agricultores brasileiros também tenham direito à
tecnologia e direito a reduzir seus custos de produção", disse.
Ontem, a organização não-governamental (ONG) Greenpeace lançou a
6ª guia com lista de produtos transgênicos de 109 empresas. A
coordenadora da campanha, Gabriela Vuolo, disse que a plantação
de transgênicos "tem impactos imprevisíveis no meio ambiente e
na saúde humana" com aumento do uso de agrotóxicos.
A perda de biodiversidade é uma delas. "Esse decreto vai atender
apenas a uma minoria de produtores do Rio Grande do Sul,
contrariando a opinião da população brasileira", afirma ela. "É
uma tentativa de legalizar atitudes criminosas, porque essas
sementes estão sendo produzidas sem autorização."
A decisão do governo, segundo a assessoria de imprensa do
Ministério da Agricultura, se justificou porque os produtores
gaúchos possuíam apenas 17% das sementes necessárias para a
próxima safra. A estiagem deste ano atingiu mais de 440
municípios no estado e houve quebra de 50% da safra de soja. De
acordo com o ministério, a medida foi tomada para evitar que os
produtores usassem sementes contrabandeadas e, conseqüentemente,
não recebessem recursos dos agentes financeiros.
Ainda segundo o ministério, como em 2004, a autorização do
governo foi de autorizar apenas o uso de sementes produzidas
pelos próprios agricultores no estado, sendo proibida a
comercialização dessas sementes. O decreto, no entanto, proíbe
que a colheita da safra 2005/2006 seja utilizada como semente
para novo plantio. |