A maior surpresa para o público
participante da XVI Reunião Nacional de Pesquisa do Girassol,
promovida pela Embrapa Soja, Unidade da
Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no Hotel Crystal, em
Londrina (PR) foi a constatação de que o estado de São Paulo
superou a tradição de Goiás em área cultivada e produção de
girassol.
Em Goiás, a área plantada caiu
de 29,8mil hectares para 8 mil, na safra 2004/2005, além disso,
a produtividade decresceu de 1700 kgha para 1365 Kg/ha. Esses
fatores fizeram a produção estadual despencar de 50 mil para
11,6 mil toneladas. “Um dos motivos foi o preço baixo pago pela
saca, no momento do plantio, associado à falta de chuva para
implantação da safra principal. Isso afetou a safrinha de
girassol e ainda a ocorrência de doenças“, avalia o agrônomo da
Caramuru Alimentos, Marcos Mello.
A pesquisadora Maria Regina
Ungaro, do Instituto Agronômico de Campinas, apresentou a
evolução do girassol em São Paulo. Na safra 2004/2005 a área
cultivada no estado dobrou de 15 mil para 31 mil hectares. A
produtividade de 1900kg/ha garantiu a produção de 30 mil
toneladas de girassol. “A expansão da cultura no estado deve-se
à garantia de compra do produto pelas indústrias de esmagamento
instaladas. No entanto, vale lembrar que apenas 30% da produção
é destinada para produção de óleo e o restante serve à silagem
animal, alimentação de pássaros, produção de mel e outras
atividades relacionadas“, explica.
O segundo lugar, em termos de
produção, é ocupado pelo Rio Grande do Sul, que produziu 22,4
mil toneladas de girassol em 15 mil hectares, na safra
2004/2005. O relato do Rio Grande do Sul, enunciado por João
Carlos Loro, da Cotrimaio, reproduziu o otimismo do estado em
relação ao cultivo da oleaginosa na região dos Pampas. Segundo
ele, houve um crescimento significativo na área de girassol de
1999 a 2005, e um dos fatores para esse crescimento foi a
adversidade climática para a produção do milho e a ausência de
problemas relevantes para o girassol, nessas condições, que
estimularam o aumento do cultivo dessa oleaginosa na região. “A
única questão pendente é a ausência de refinarias do óleo de
girassol no Rio Grande do Sul. O refino e envasamento são,
ainda, feitos no estado de Santa Catarina e São Paulo, o que
encarece o produto“, conta.
No Mato Grosso, a área
cultivada também está em processo de expansão, tanto que cresceu
de 9,3 para 14 mil hectares e a produção saltou de 15 para 21
mil toneladas. O professor Aluisio Borba Filho, da Universidade
Federal de Mato Grosso, apontou como fatores limitantes à
expansão da cultura - as dificuldades para comercialização e
industrialização, problemas agronômicos em cultivos após a soja
e o milho e assistência técnica deficiente. “Nossa proposta é
estimular a criação de núcleos de recepção e prensagem e
desenvolvimento de ações de capacitação“.
No Mato Grosso do Sul, a área
cultivada com girassol decresceu de 13 para 7 mil hectares e a
produção despencou de 19 mil para 9 mil toneladas. De acordo com
o representante da Fundação Chapadão, Jefferson Anselmo, a área
caiu principalmente devido a problemas climáticos que
determinaram o atraso da instalação da safra principal,
inviabilizando a semeadura do girassol na época recomendada.
“Também tivemos severo ataque de maritacas e dificuldade na
adoção de tecnologias“, explicou.
No Paraná, a área plantada
ocupou 5,2mil hectares e a produção foi de 5,8 mil toneladas, na
safra 2004/2005. O agrônomo Antoninho Carlos Maurina, da Emater
– PR, apresentou os pontos relevantes do cultivo de girassol no
estado do Paraná e apontou como maior problema da safrinha o
ataque dos pássaros, principalmente na região norte e noroeste.
“As pombas amargosas ocasionaram perdas entre 30 e 80% da
produção, inviabilizando a cultura do girassol principalmente em
áreas próximas a canaviais“,constatou.
Em Minas Gerais, o cultivo de
girassol na safra 2004/2005 ocupou uma área de 1423 hectares e
produziu 2,6 mil toneladas. O pesquisador da Epamig, Roberto
Zito, disse que são preocupações “incrementar produtividade
buscando melhor época de semeadura, inserir o girassol no
sistema de produção da região e organizar a cadeia produtiva no
estado de MG“.
A XVI Reunião Nacional de
Pesquisa do Girassol terminou ontem(5) em Londrina, PR.