Porto Alegre.
Brasil
October 3, 2005
Shirley
Prestes, Agência Brasil
Cerca de 1,3 mil produtores de sete municípios do entorno da
Floresta Nacional de Passo Fundo, na região norte do Rio Grande
do Sul, vão manter o plantio da soja transgênica em áreas de
preservação ambiental no estado. A decisão, tomada durante
audiência pública realizada na quinta-feira (22), em Mato
Castelhano, vai contra a resolução do Conselho Nacional de Meio
Ambiente (Conama), que proíbe plantio transgênico num raio de
10km da zona de amortecimento da floresta.
A proibição atinge 1,5 mil produtores gaúchos de Passo Fundo,
Mato Castelhano, Água Santa, Gentil, Vila Lângaro, Coxilha e
Marau – onde mais de 30 mil hectares de terras próprias para o
plantio estão em áreas protegidas pela legislação ambiental. O
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Passo Fundo promoveu no
dia 12 de setembro um encontro com o presidente da Federação dos
Trabalhadores na Agricultura no Estado do Rio Grande do Sul
(Fetag), Ezídio Pinheiro, para discutir a lei que veta o plantio
de sementes de soja geneticamente modificadas nas áreas de
unidades de conservação e respectivas zonas de amortecimento.
Ezídio Pinheiro garantiu que a Fetag está dando apoio aos
agricultores, "uma vez que a área delimitada por lei é muito
grande para ficar sem produzir, e buscar alternativas em cima da
hora é inviável". Ele disse que os agricultores estão
preocupados com a notificação recebida do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
contra o plantio na região para a safra 2005/2006, e descartaram
o retorno ao plantio da soja convencional porque "além do custo
de produção mais elevado, não existe semente no mercado".
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de
Passo Fundo, Alberi Paulo Ceolim, na tentativa de resolver o
problema os agricultores de Mato Castelhano se uniram e criaram
a Associação dos Produtores da Floresta, que mobiliza os
produtores da região do entorno da Floresta Nacional de Passo
Fundo. "Entre as ações, foi realizada no dia 22 de setembro a
audiência pública, que reuniu especialistas ambientais,
autoridades estaduais e federais, e decidiu pelo plantio da soja
transgênica no local", explicou o dirigente. |